Maçã envenenada

por Augusto Olivani
Trip #232

Figuras que tiveram que encarar uma morte lenta e dolorosa antes de entrar para a história

Morrer intoxicado seria romântico se não fosse trágico. Para cada caso do tipo Romeu & Julieta, existem dez de agonia. E as vítimas não necessariamente foram vítimas de uma conspiração: Darwin, o gênio evolucionista, teria morrido por envenenamento crônico de arsênico, consequência da automedicação. Muitos desses casos – Napoleão, Stálin, Yasser Arafat e o ex-presidente João Goulart – nunca foram esclarecidos, mas entre os mais célebres estão:

Sócrates

O filósofo, com 70 anos, foi considerado culpado por heresia e condenado à morte por cicuta. A diferença do “corredor da morte” da época (339 a.C.) é que ele teve de tomar o veneno por conta própria. Depois, saiu andando por Atenas até sentir suas pernas ficarem pesadas – seus músculos tinham paralisado. Então o sistema respiratório pifou e Sócrates morreu asfixiado, cercado por estudantes e seguidores.

Alan Turing

O matemático inglês, considerado o pai da inteligência artificial e da ciência da computação, viveu reprimido boa parte da vida. Gay em uma época em que ter relações homossexuais era crime na Grã-Bretanha, ele foi processado por isso em 1952. Dois anos depois, ele encarnou tanto a Bruxa Má como a Branca de Neve: injetou cianeto numa maçã e comeu metade dela.

Cleópatra

Ao contrário do que indica a lenda, a rainha do Egito não empacotou depois de ter sido mordida por uma cobra: foi vítima do próprio veneno. Cleópatra era uma estudiosa de toxinas e preparou seu próprio coquetel mortal – acônito, cicuta e ópio (este último para dar aquela aliviada) –, usado por ela quando foi para a prisão depois de Otaviano invadir seu reino.

Hitler

Há uma controvérsia aqui. A mulher do Führer, Eva, morreu ao mastigar uma cápsula de cianeto. Hitler também teria usado uma, mas a única certeza é a de que ele se deu um tiro na cabeça em seu bunker em Berlim e depois teve o corpo queimado. De qualquer jeito, dá para concluir que era tão ruim que precisou morrer não uma, não duas, mas três vezes.

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