Limites e Liberdades
Em um mundo em que as certezas se provam perdidas, quais os limites? Limite soa como contraste de liberdade. Mas é parte da própria condição de liberdade. Disse, em texto anterior, que limite é escola. Superar é trabalho que desenvolve profundos aprendizados. O enriquecimento ou empobrecimento de nossa vida depende dessas ultrapassagens. Os fisiculturistas conhecem bem sobre limites e a capacidade humana de se desenvolver ao ultrapassá-los.
Queremos tudo e infinitamente. O problema é que nossa existência é contida aos seus limites existenciais. Se vivêssemos mil anos venceríamos obstáculos que se nos apresentam intransponíveis agora. Mas então provavelmente teríamos limites de quem tem mil anos para viver.
Qual a melhor política diante dos limites? Aceitar o predomínio, estudar e criar estratégias para superar. Atualmente estou entrando em zona de limites insuperáveis. Existe o insuperável. Estamos contidos no tempo e no espaço. Ano que vem entro para a terceira idade. Completo 60 anos. Estimo mais 10 anos de vida mais ou menos saudável.
Estou bem, mas sei que não vai demorar 10 anos para usar Viagra. As escadas e subidas já me esgotam. Chego ao topo com o coração na boca. Estou pobre e nos próximos anos, não vou conseguir crescer muito mais. Vai faltar energia, a disposição diminuirá, as doenças vão aparecer...
Já não posso mais sonhar em ter um carrão, uma casa decente ou uma vida folgada. Vou ser obrigado a contar tostões até o fim. São meus limites mais evidentes. Assumo: eu, esse estúpido que vôs fala, sou o único responsável por isso. Consequências de vida para o homem voraz que sempre fui.
Dei a maior sorte de ainda ter tempo para realizar coisas e conquistar mais afetos. Estaria encarcerado até hoje não fosse a lei que determina que ninguém deve ficar mais de 30 anos preso no Brasil. Teria que calar e ranger dentes. Seria o limite a que me condenei com minha estupidez.
Preciso estar em paz, mas os limites ainda me atormentam. Saber que a vida pode ser muito melhor e sequer poder sonhar em alcançar, é desolador. Conformar? Jamais! Não me dobrarei. Morrerei frustrado e infeliz, brigando até o fim.
**
Luiz Mendes
13/01/2011.