Brasília
Contratado para proferir palestra no evento de lançamento do Plano do Distrito Federal do Livro e da Leitura, viajei domingo à noite. O voo foi fácil, devo admitir. Difícil foi a confusão do aeroporto de Congonhas. Como se perde tempo naquele lugar... Passei mais de hora dentro daquele avião parado, esperando autorização para partir. Um desespero. Aquele cantinho apertado que mal me cabia, reservou-me enorme exercício de paciência e resignação.
Em Brasília fui transladado para o Hotel Airam. Sofrível. Para se ter ideia, não havia Internet para os hospedes. Logo cedo fui levado para o Museu da República. Professores/bibliotecários estavam lotando as dependências de um enorme teatro de eventos. Fui pego pelo braço e levado a uma poltrona reservada lá na frente.
Falaram os Secretários da Cultura, da Tecnologia e Meio Ambiente e por ultimo, o da Educação. O Plano estava sendo composto desde o ano passado. Depois Lucila Garcez, a Dama do Plano, quem coordena o processo, falou muito emocionada pelo lançamento do Plano. Fiquei comovido com a fala dela. E então fui chamado à mesa.
Por sorte antes, um pequeno grupo instrumental tocou várias músicas e entre elas a Bachiana Brasileira nº 5 de Villa-lobos. Tenho verdadeira paixão por essa música! As lágrimas desceram; era íntimo, enriquecedor. Quando abri minha fala já estava devidamente nutrido e sensibilizado. E danei a falar colocando toda minha emoção. Tentei impregnar cada uma de minhas palavras de meus sentimentos mais profundos. E parece que consegui. Quando pontuava, o povo aplaudia entusiasmado. As pessoas choraram e riram junto comigo. Foi um encontro que não devia ter acabado.
Ao terminar, vieram as perguntas; a parte que mais gosto. Discursar é dose para elefante grande! Acho que respondi e contei boas histórias. O povo levantou e me aplaudiu de pé por tanto tempo que fiquei constrangido, queria que parassem.
Foi difícil chegar à mesa onde autografaria livros. Muitas pessoas queriam tirar fotos e conversar comigo. Na mesa, a fila era enorme; nem dava para ver o fim. E fui escrevendo e assinando em livros até doer o pulso. Não parava mais; já não tinha mais o que inventar para escrever como dedicatória. De repente estancou, sumiu todo mundo e fiquei só. Estranhei e perguntei. Haviam esgotado os livros que escrevi e que o livreiro trouxera para comercializar. Duas lindas professoras me salvaram e levaram para almoçar em um restaurante chinês. Adorei, estava cansado e morto de fome.
A viagem de volta foi mais sacrificada ainda. A ansiedade pegou, chegou até a dar coceira nas pernas. Cheguei em casa na madrugada, moído de cansaço. A minha macia cama King Size me aguardava macia... Acordei lembrando e revivendo aquela toda emoção novamente. Então resolvi escrever. Agradecer àquela gente toda que me causou tamanha satisfação. Imensamente grato, torço para que todos que me ouviram, abraçaram e beijaram sejam felizes de verdade.
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Luiz Mendes
30/10/2012