por Lia Hama
Trip #219

O Sr. Barriga (Edgar Vivar) e Genival Lacerda falam de uma particularidade em comum: a pança

Um perdeu a metade do peso; o outro cultiva com gosto o barrigão que o fez famoso. Edgar Vivar, o Senhor Barriga do seriado Chaves, e Genival Lacerda, o rei das letras de duplo sentido, falam de uma particularidade em comum: a pança


O dono da Vila
por: Lia Hama

Reconhecer Edgar Vivar é duro até para quem não perdia um episódio de Chaves, um dos seriados mais assistidos da história da TV brasileira. O ator mexicano que fazia o Senhor Barriga, dono da vila onde moravam seu Madruga, dona Florinda e Quico, perdeu metade de seu tamanho. De 160 quilos, passou para 80, após uma cirurgia de redução de estômago que salvou sua vida há cinco anos. Aos 69, não perde o humor. De olho no Brasil – estudou português e sonha fazer novela aqui –, trouxe seu espetáculo Senhor Barriga é jovem ainda!, misto de musical e stand-up comedy, a São Paulo e Porto Alegre no ano passado. E quer voltar este ano. Da Cidade do México, onde mora, Vivar falou à Trip.

Por que você fez a operação de redução de estômago?
Era uma questão de vida ou morte. Tive uma série de problemas de saúde em decorrência da obesidade. Sofri duas embolias pulmonares, fiquei internado na UTI quatro vezes e carreguei um tanque de oxigênio por quatro anos. Perdi 80 quilos e, como vocês podem ver, agora estou ótimo, participando de diversos projetos. Meu último trabalho foi uma comédia romântica chamada Me late chocolate, que acaba de estrear nos cinemas do México. Interpreto um simpático chofer que também se chama Edgar.

O que mudou depois da cirurgia? Você se sente mais bonito agora?
Bonito eu sempre fui [risos]! Mas com certeza me sinto mais saudável. Depois de encarar a morte de frente, procuro aproveitar a vida ao máximo, vivendo os dias intensamente.

Como é a sua dieta hoje?
Não sigo uma dieta especial e não sei dizer se sinto menos fome hoje. O que acontece é que agora eu tenho um estômago do tamanho de uma bola de golfe, ou seja, fico satisfeito muito rápido. Com isso, acabo comendo menos.

O público acha estranho ver você magro?
Tanto o senhor Barriga como o Nhonho, o filho dele, que também interpretei em Chaves, são muito queridos. Sua imagem permanece no imaginário dos fãs do seriado. Mas eles entendem que quem emagreceu foi o ator. Quando me encontram, reagem com o mesmo carinho e entusiasmo.

 

Barriga sexy
por: Pedro Henrique Araújo

Silvio Santos, quem diria, por pouco não encerra a carreira do então jovem cantor Genival Lacerda antes mesmo de ele estrear em seu programa dominical, em 1975. Mas o santo do calouro da Paraíba era forte: ele entrou no ar cantando “Severina Xique Xique” agarrado à barriga, como se ela fosse sua dama, e rendeu a plateia. O resto é história. Rei das letras de duplo sentido (“ele tá de olho na butique dela”, refrão de “Severina”, é apenas o mais conhecido), Lacerda virou personagem do imaginário popular brasileiro. Hoje, aos 81 anos e com 118 quilos, segue cultivando a pança com muita comida nordestina.

Quando a barriga virou um personagem em seus shows?
Em 1975, fui fazer o programa do Silvio Santos. Na hora de entrar, ele disse ao produtor: “Avise ao rapazinho que não dá pra ele vir porque estamos atrasados 12 minutos”. O produtor, que me conhecia, respondeu: “Olhe, esse rapazinho é Genival Lacerda, um showman. Ele é o primeiro sem segundo no estilo dele”. Aí eu entrei. Cantei “Severina”, “A filha de Mané Bento” e comecei a fazer aquela dança com a barriga. Eu não tava tão gordo naquele tempo, mas é como o palhaço de circo. O palhaço vai contando anedota. Se o público gosta, ele continua contando. Aí, mais na frente, ele conta de novo. Eu dei continuidade até hoje.

Como cultiva a forma física?
É só não fazer regime, que é a pior coisa do mundo. Meu filho João Lacerda diz que eu preciso ficar malfeito e cultivar a barriga até quando eu parar de cantar.

O que você come normalmente?
Como o que eu gosto. Feijão, cuscuz, arroz, galinha, torrada, pão, queijo de coalho, manteiga de gado. Tudo, menos o que acoste o colesterol, porque se acostar João não gosta. Tomo cuidado com o colesterol e a glicose, só isso.

Você pensa em emagrecer?
Isso [a barriga] não acaba mais, não, porque já virou um calo sexual. Todo mundo me conhece como “o homem da barriga sexy”.

É a barriga com mais história do Brasil?
É uma história grande. São quase 62 anos de carreira e 49 LPs gravados. Graças a Deus sou um ícone da música nordestina. Para contar, estou preparando um livro. Desde quando eu comecei em Campina Grande até hoje.

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