Mara Gabrilli perdeu os movimentos do corpo em um acidente, mas a visão estava intacta. Por 30 minutos, isso mudou. “A experiência aumenta a nossa concepção de mundo”.
Recém-chegada ao Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, a exposição Diálogo no Escuro apresenta uma experiência sensorial impactante. Durante pouco menos de uma hora, pessoas de diferentes idades e estilos vivenciam o mundo como um deficiente visual. De posse de uma bengala e atentos à liderança de um guia cego, grupos de até oito pessoas seguem rumo ao desconhecido, sob os auspícios de basicamente três sentidos: olfato, audição e tato. São eles os motores de novas sensações, em que é possível enxergar sem ver. Geralmente com menos barreiras e muito mais compreensão.
A Trip convidou a publicitária Mara Gabrilli para sentir na pele como é o dia a dia dos deficientes visuais.
Como foi a experiência para você? Eu jamais pude imaginar que fosse acontecer, mas acabei chorando no final. Foi incrível. No fundo a experiência está dentro da nossa cabeça. Fiquei emocionada com o que vi, embora não estivesse vendo nada. No meu Facebook gosto sempre de descrever as fotos para os cegos terem acesso ao conteúdo. E agora percebo o quanto a descrição faz com que a gente queira saber mais sobre as coisas.
Como é a sua relação com a visão? É uma relação íntima, mas não única. Uma amiga cega um dia me falou que sentia saudade das cores. E eu sou louca por cores. Desde que ela falou aquilo me impactou de tal maneira que, para mim, as cores passaram a ter um significado muito mais especial. Não gosto de qualquer luz, gosto de luzes coloridas. A iluminação de onde estou é fundamental para que me sinta bem.
O que perguntaria a um deficiente visual? Como você ouve?
Mara, como você ouviu? Eu ouvi o mar, ouvi o universo, falando de um jeito muito mais transparente, cristalino. Como se fosse muito mais fácil de ouvir sem ver. Quando você se priva de algo no corpo, seja uma sensação, seja um movimento, você explora outros de forma muito mais intensa. Essa experiência aumenta a nossa concepção de mundo. E ficamos com mais capacidade de resgatar felicidade.
Vai lá:
Museu Histórico Nacional. Praça Mal. Âncora S/N – Centro, Rio de Janeiro, RJ www.ingressorapido.com.br
Unibes Cultural. Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré, São Paulo, SP www.compreingressos.com