Conheça o primeiro e único exemplar de carro anfíbio nacional, construído em uma garagem
A carroceria em formato de “balde”, os remos fixados em ambas as laterais e a hélice na traseira jamais passam despercebidos. E causam incredulidade não só nos motoristas vizinhos, mas também nas autoridades policiais, que abordam constantemente o modelo. Não para verificar a documentação, mas sim para admirá-lo e tirar dúvidas. “Ele realmente entra na água?”, perguntam todos. Sim, ele não apenas entra como também navega e volta à terra firme com perfeita desenvoltura.
Primeiro e único automóvel anfíbio nacional, o Batráquio – nome inspirado na fase em que o girino perde a cauda – foi inteiramente projetado e construído nos fundos da garagem do empresário paulista Erineu Cicarelli, 70 anos. “Tudo feito apenas com os recursos de uma pessoa praticamente sem recursos”, brinca o idealizador da proposta.
Na verdade, Erineu tem uma experiência valiosa quando o assunto é transportes flutuantes. Afinal, além do gosto por tudo que boia, inerente à sua origem germânica, ele também possui há mais de três décadas um mundialmente raro Schwimmwagen, veículo anfíbio militar projetado por Ferdinand Porsche e utilizado pelo exército alemão na Segunda Guerra.
Inspiração nazista
Mais do que uma inspiração, o modelo nazista sobrevivente à guerra serviu de base para os primeiros esboços do Batráquio. “Pode-se dizer que ele é a versão moderna e civil do Schwimmwagen”, atesta Erineu. Empurrada por um motor 1.6 de Kombi e dotada de tração 4x4, a carroceria monobloco do Batráquio foi construída artesanalmente de aço. E consumiu aproximadamente 12 anos de experimentos até que fossem corrigidos todos os vazamentos para atingir a perfeita flutuabilidade do conjunto.
A opção por soluções caseiras também obrigou Erineu a inverter algumas etapas da produção. “Tive de comprar vários componentes e peças para somente depois desenhar o corpo do veículo, que deveria obrigatoriamente se adaptar ao que tinha em mãos”, narra o proprietário, referindo-se a detalhes pouco ortodoxos como os faróis oriundos de um VW Gol em (des)harmonia com as lanternas traseiras cedidas por um Chevrolet Corsa.
Além da capacidade de dar um tibum e não afundar, o sucesso da empreitada pode ser medido na permissão de livre circulação emitida pelos órgãos de trânsito. No documento, o Batráquio (nome fantasia) consta como Automóvel de Passeio Conversível/Marca-modelo Cicarelli /Fabricação Própria/Ano 2001.