Irã canarinho
Uma cidade iraniana é completamente apaixonada pela amarelinha e pelo futebol brasileiro
Jogando em Teerã / Créditos: Caio vilela
Por Caio Vilela Trip #189
em 8 de junho de 2010
A paixão pela seleção brasileira é tão grande em uma cidade iraniana que o uniforme do time local imita a nossa amarelinha e os torcedores gritam “Abadan é Brasil” nos jogos
No campo em Teerã (foto acima), capital do Irã, um time de camisa amarela e calção azul batalha para sair da segunda divisão. Seu adversário é o Homa, time da companhia aérea estatal Iran Air, que seguia forte no campeonato iraniano.
Na torcida verde-amarela a moçada grita: “Abadan é o Brasil!”. Fanáticos por futebol, os moradores dessa cidade portuária cheia de refinarias de petróleo no litoral sul do Irã amam o esporte mais do que o povo de qualquer outra região do país. E cultivam uma especial adoração pelos craques brasileiros.

A paixão pelo futebol tupiniquim começou após a Copa de 70. O time de Abadan, que até então usava uniforme listrado de azul e branco, passou a utilizar camisas amarelas, calções azuis e meias brancas. E até hoje a diretoria manda copiar cada detalhe de corte e modelo toda vez que nossa seleção atualiza o uniforme. Na Copa, a cidade fica em polvorosa. Bandeiras e camisas do Brasil são vistas por toda parte e a festa para a cidade cada vez que o Brasil vence uma partida.
Já no primeiro tempo da partida da foto, nossos fãs levaram quatro gols, e no fim da partida, acabaram sendo rebaixados. Apesar do momento, a torcida segue fiel.

Antes da revolução islâmica comandada pelo Aiatolá Khomeini em 1979, as mulheres iam elegantes para o estádio aos domingos, era programa familiar. Agora, elas foram proibidas de ver jogos ao vivo, e só dá macho na arquibancada. Localizada entre o deserto do sul do Irã e a supermilitarizada fronteira com o Iraque, à margem da junção dos rios Tigres e Eufrates, Abadan tem ruas com rajadas de metralhadora nas paredes e prédios bombardeados, herança da guerra contra o país vizinho, nos anos 80. Em Abadan ninguém comemora gol com fogos. Aqui, quando se escuta uma explosão, é pra valer.
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