por Banco do Brasil

O que te move?

apresentado por Banco do Brasil

O Inspira BB em São Paulo foi embalado por grandes nomes da música e com a participação de uma fugitiva do Estado Islâmico para debater a força do ser humano em seguir adiante

No início do mês, a Sala São Paulo, um dos cartões-postais da cidade, foi palco de mais um INPIRA BB, o movimento itinerante do Banco do Brasil que já passou por Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Salvador, reunindo convidados de peso e funcionários numa grande contação de histórias transformadoras. Desta vez, além da presença musical de Ivan Lins e João Carlos Martins, os filósofos Clóvis de Barros Filho e Leonardo Boff revezaram o microfone com Farida Khalaf, a refugiada curda que, em 2014, foi sequestrada pelo Estado Islâmico e, com a ajuda de outras reféns, conseguiu driblar homens armados até fugir. O mote das palestras foi o que move cada ser humano, dos objetivos mais triviais aos grandes propósitos de vida.

Nada mais urgente e atual: a necessidade de dar sentido à rotina é marca destes tempos de toada frenética, em que nos equilibramos em dias multitarefas, cheios de prazos impossíveis e falta de calma e concentração. “Haverá pior solidão do que a ausência de si? Hoje, a espécie humana enfrenta um mundo que realmente se estreitou”, provocou a atriz Clarice Niskier, encenando A alma imoral, adaptação do livro de mesmo nome que abriu a tarde de apresentações e de cara emocionou o público.

Na sequência, Ivan Lins se sentou ao piano junto da Orquestra Baquiana para apresentar alguns de seus sucessos. “Me dá orgulho participar de um evento assim, capaz de prestigiar e disseminar o esforço e a esperança de brasileiros em lutar, construir e ensinar”, disse o músico, inaugurando o ciclo de palestras, que também contou com falas de superação dos próprios funcionários do banco. Entre eles, Sheila Greik, que contou sobre a adoção das duas filhas já aos 11 e 13 anos e arrancou lágrimas da plateia; e também Selma Leite, que foi aplaudida de pé ao dividir a breve história de sua neta Helena, que nasceu com uma síndrome grave e ajudou a reiterar o sentido da vida para a avó. “Tudo que passei até hoje foi para ter força suficiente para enfrentar meu maior desafio, Helena.”

Indignação, esperança e coragem

Sob a batuta de João Carlos Martins, idealizador da Fundação Bachiana, que mantém a orquestra, os músicos voltaram ao palco. E, depois, ele mesmo tomou o microfone para narrar suas memórias inspiradoras. O pianista e maestro desenvolveu uma doença que causa paralisia nas mãos após dois acidentes que já haviam lhe limitado os movimentos (em 1965, quando caiu em um jogo de futebol, e 30 anos depois, ao ser golpeado durante um assalto na rua). “Há dois tipos de obstáculos: aquele que só com muita determinação você consegue ultrapassar; e aquele impossível de superar, que exige humildade para aceitar. O grande desafio da vida é distinguir quando é preciso determinação e quando é preciso humildade”, afirmou ele, que, aos 77 anos, nunca desistiu de tocar e reger, apesar das dificuldades motoras.

Nos bastidores, Leonardo Boff abraçou Martins: “Você é um dos maiores exemplos de superação que conheço”. Estandarte da teologia da libertação no país, o teólogo e ecologista palestrou sobre o que chama de “a espiritualidade da esperança”: “Os filósofos desenvolveram o princípio da esperança, que sempre nos dá sentido para superar as dificuldades e aprender.” Segundo Boff, para revelá-la, é preciso indignação e coragem. “Os sistemas querem nos fazer galinhas. Mas cada um de nós tem dentro de si uma águia. Temos de despertá-la.”

Grande exemplo dessa valentia para se enxergar capaz e enfrentar as dificuldades é a curda Farida Khalaf, convidada internacional do BB no evento. Em 2014, ela foi capturada pelo Estado Islâmico, que também matou seu pai e o irmão mais velho; todos membros de uma minoria religiosa ao norte do Iraque que, há séculos, sofre perseguição. Mantida como escrava sexual por meses e, depois de algumas tentativas de suicídio, Farida organizou com outras cinco prisioneiras curdas a fuga que as salvou. “Quanto mais eles me agrediam, mais eu me enchia de força para, mais tarde, reagir. Ao me encontrar com outras presas na mesma situação, reunimos nossa revolta. Juntas, nós, mulheres, somos mais fortes.” Hoje, aos 21, ela vive na Alemanha com a mãe e os irmãos e, apesar de as lembranças ainda lhe afetarem, tenta a cada dia superar um pouco mais. No mês passado, por exemplo, ficou noiva de um jovem por quem se apaixonou e com quem espera viver o resto da vida.

O poder dos sonhos

Outros refugiados, na maioria, crianças, do coral Somos Iguais se juntaram à celebração para cantar – e comover os presentes. Mais alguns funcionários tomaram a fala, como o mineiro Douglas Lisboa, especialista do BB em negócios internacionais. “Pão ou pães, é questão de opiniães”,  ele abriu sua fala citando seu conterrâneo Guimarães Rosa, o escritor morto há exatos 50 anos. E, munindo-se de outra peculiaridade de Minas, o trem, comparou o meio de transporte a sua própria trajetória, desde os momentos em que seu rumo descarrilou – na infância, quando seus pais perderam o emprego ou durante a crise financeira de 2008 – até quando conseguiu voltar aos trilhos – naquele mesmo ano de dificuldades, Douglas conheceu a mulher da sua vida e, hoje, esperam o primeiro filho. Já Igor Lima, também funcionário do BB, usando uma sugestiva camiseta com a palavra “Diversidade” repetida nas cores do arco-íris, discorreu sobre a importância de dialogarmos sobre inclusão, usando de humor para falar de regionalismos do país e reforçar como o fato de as pessoas se sentirem representadas faz com que elas se reúnam e se engajem ainda mais em torno de causas variadas – seja num evento cultural, sejam questões de gênero e desconstrução de preconceitos.

Outro funcionário do banco, Rodrigo Machado, de cima do palco, relembrou seu drama pessoal, quando, cinco anos atrás, foi diagnosticado com leucemia – mas nem por isso abandonou seus sonhos. Ex-atleta de natação, começou a trabalhar no BB aos 20 anos, mas seguia perseguindo a vontade de ser atleta (pouco antes da doença, havia completado sua primeira meia-maratona). Após dar a sorte da compatibilidade total da medula óssea de sua irmã e passar por um transplante bem-sucedido, voltou aos expedientes no banco em 2015 e correu mais uma vez a mesma prova. “Vida normal, né? Só que não: após alguns meses, tive dores abdominais. E o diagnóstico mostrou mais um câncer de sangue”, contou. Três meses de internação depois, recebeu alta do hospital, mas segue em tratamento até hoje. Só que com um detalhe: no início deste ano, após descobrir a Olimpíada dos Transplantados, Rodrigo pode dar cabo a seu sonho: depois de oito anos longe das piscinas, treinou diariamente, cada vez mais forte, até que, em julho, durante os Jogos, conquistou três medalhas de prata e duas de ouro, sendo que uma delas com recorde mundial na categoria.

“Às vezes você reclama de não ter o que deseja e por isso torce para o tempo passar rápido. Nada é mais importante que o agora, porque é quando você mesmo se torna capaz de diagnosticar suas forças e vontades”, afirmou Clóvis de Barros, um dos pensadores mais incensados da contemporaneidade. Para ele, o INSPIRA BB tem exatamente esse mérito, de jogar luz na força de cada um para transformar e motivar o presente. “A cada manhã que levantamos e abrimos os olhos, a vida nos dá a expectativa de buscarmos os nossos sonhos”, completou o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, e chamou ao palco aquela que, segundo ele, representava todos os convidados dos seis eventos do INPIRA: Bianca, funcionária do BB. Ela participou da primeira edição do evento, quando ainda apenas alimentava o sonho de ser uma publicitária de sucesso. “Agora, sou a publicitária do INSPIRA BB. É muito mais do que tudo que eu imaginei”, contou.

Em 2017, Bianca rodou o país dividindo sua experiência com as pessoas, e falou emocionada da experiência. “Antes do INSPIRA, a minha vontade era de mudar o mundo. Sabia que não era possível fazer isso sozinha. Mas aqui encontrei uma família enorme, cheia de gente com a mesma vontade que eu. Agora sei: já estamos mudando o mundo. E sem perder a nossa essência.” Para arrematar a noite emocionante, Caffarelli anunciou que em 2018 o número de etapas do INSPIRA BB será ainda maior, e, seguindo o ânimo da plateia, subiu ao palco o Coral Inspira BB, formado por 200 funcionários do banco especialmente para o evento de São Paulo, que entoou a música-tema do evento, You are the voice

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