Injustiça Revoltante!
Penso em como aceitamos que pessoas comprovadamente corruptas, com inúmeras denúncias e muito dinheiro no exterior em seu nome e de familiares, a partir de seus preconceitos, façam leis, decidam, pressionem e promovam retrocessos no país. Até agora não consegui me conformar com isso, aqui dentro a revolta, o asco, me causava desassossego.
Mas, de repente, deparei com um caso concreto que esses criminosos (porque o que fazem é crime) podem ter prejudicado um amigo meu e sua família e tomei um choque enorme. Até então era algo fluídico que eu não atinava bem a dimensão do mal que essas pessoas fizeram e fazem. Agora não é mais revolta o que me move. É urgência em lutar para acabar com essa patifaria, essa canalhice generalizada.
Fui recente para Salvador/Bahia e no dia que cheguei fui convidado por um amigo do coração para jantar. Esse amigo foi um dos poucos que foram me visitar quando estive preso. Prestou-me favores enormes, ajudou-me a manter contato com meus filhos e salvou-me da miséria física, moral e prisional muitas vezes. Alguém a quem estimo de verdade, um irmão.
Estávamos jantando um peixe delicioso, contei-lhe minhas novidades e ele começou a contar-me as suas. Tem dois filhos pequenos adotados e um companheiro que o ajuda a criá-los: uma linda família homoafetiva. A partir de sua generosidade, ele tirou esses meninos do fundo do poço da miséria social e os cria com um amor e uma devoção que chega a causar inveja a nós que somos pais de famílias tradicionais. Todos que os conhecemos somos unânimes em afirmar que o amigo é pai/mãe extremado daqueles meninos. Eles estão crescendo espertos, sadios e inteligentes. Estão nos melhores colégios, nada lhes falta, nem mesmo carinho ou atenção. O amigo se desdobra em cuidados. Serão ótimos cidadãos.
De repente o amigo diz que vai encerrar suas atividades no país e viajar para a Europa com os meninos. Seu plano será ficar um tempo em Portugal; depois outro tempo na Espanha e, em seguida, mais um tempo em França. Buscarão o melhor lugar que escolherem, entre esses três países, para morar. Um sino badalou em minha mente; porque? Ele não respondeu, mas já não precisava mais, depois do choque, captei os motivos no ar. É uma retirada para o estrangeiro. Uma fuga desses políticos que promovem esses retrocessos na lei e querem impor seus preconceitos a todos neste nosso pobre país. Pode nada acontecer, mas ele não quer arriscar o futuro das crianças. A comoção, o abalo que causaria na estrutura emocional dos meninos qualquer intromissão dessa limitação familiar recém votada por esses tais "representantes do povo", não vale o risco.
Eu o compreendo, mas é duro, é dolorido ver tamanha injustiça e nada poder fazer. Mas não vou me calar. Aqui dou minha palavra: estou escrevendo agora e prometo me aprofundar para escrever depois também. Debaterei, e travarei discussões enormes com todos aqueles que apoiarem esses políticos e tais retrocessos nas leis sociais. Lutarei contra essas leis e convocarei meus amigos a fazê-lo também. Não vou me conformar; esse país precisa dar segurança a todos que aqui nasceram e cresceram.
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Luiz Mendes
02/10/2015.