7% das crianças recolhidas nas ruas por instituições, têm pai, mãe ou ambos na prisão
ESCOLHA
A população do mundo aumenta cerca de 210 mil pessoas por dia. Cerca de 3 pessoas por segundo. Nascem cerca de 365 mil pessoas a cada dia e morrem 155 mil. O consumo dessa população, segundo os cientistas, já ultrapassa em 20% da capacidade de reposição da biosfera, degradando os recursos naturais. Se toda população do mundo consumisse como os habitantes dos países industrializados, necessitaríamos de 3 planetas iguais ao nosso para sustentar.
Os cientistas afirmam que, ao nível que vamos de consumismo, chegará o momento em que teremos que parar para estabilizar as coisas. Caso contrário, travaremos guerras pela sobrevivência. Será o fim da idéia de distribuição com justiça para todos. Ou será a solução. Teremos que racionalizar o consumo e procedermos como irmãos para sobrevivermos. O que escolheremos?
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Informação
Em média, 7% das crianças recolhidas nas ruas por instituições de ação social, têm pai, mãe ou ambos na prisão.
70% são negros. Descendentes de judeus ou japoneses não são encontrados nas ruas.
A gravidez no mundo da rua não é evitada, é antes desejada e romantizada como uma possibilidade de uma vida legalizada e socialmente aceitável.
É comum meninas de menos de 18 anos já na terceira gestação.
Cerca de 70% das meninas de rua foram abusadas sexualmente mais de uma vez.
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O Índice de Desenvolvimento Humano da ONU aponta que apenas 8 países em todo planeta estão atrás do Brasil em termos de desigualdade social. Lesoto, Namíbia e Suazilândia são alguns dos países mais pobres do mundo e estão ao lado do Brasil. Guatemala é único país da America Latina abaixo do Brasil.
Apesar de termos a renda per capita 3 vezes maior que a do Vietnã, a nossa população mais pobre tem a mesma renda da população mais pobre deles.
Os 20% mais ricos do país recebem 30 vezes mais que os 20% mais pobres.
Um terço da população de Níger morre de fome e eles estão muito próximos a nós segundo esse Índice.
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No Brasil existem 347 shoppings centers e 31em fase de construção. Circulam, mensalmente, 185 milhões de pessoas por esses shoppings; o equivalente à população do Brasil.
96 shoppings somente em São Paulo, metade na capital.
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Perplexidade
Às vezes fico perplexo com o homem aqui de fora. Ele vê tudo, sabe de tudo e não diz um simples: basta! O que aconteceu com o nosso ex-presidente e presidente do Senado é emblemático. Ficou absolutamente claro que havia prevaricação, favoritismo, corporativismo e dano ao bem público. Arrumar colocação no Estado para o namorado da neta é até romântico diante toda irregularidade que foi constatada e exaustivamente exposta.
Na prisão funciona diferente. O povo começa a comentar e discutir o que aparentemente há de errado e logo já estão procurando o Diretor da prisão para expor e debater. O Diretor escuta e faz as promessas que lhe vem à mente para enganar e postergar os problemas. Demora um pouco e o povo já vem com cobranças. Logo já é rebelião. Quem não participou agora esta envolvido até o pescoço. Dizem que “vai voar cabelo” e todo mundo se preparam para o pior. Quase todos olham as fotos dos filhos e lêem as cartas dos familiares como fosse a ultima vez. Dali a pouco a Polícia Militar vai invadir. O espancamento já faz parte dessa rotina, mas o massacre dos 111 na Casa de Detenção, deixou o trauma de que chegarão atirando, como já o fizeram várias vezes.
Talvez a diferença esteja no fato de que as pessoas aqui fora têm muito a perder. Casas, carros, família, conforto e comodidade. Lá dentro não há nada a perder a não ser a própria vida. E, convenhamos, a vida na prisão não é nem um pouco satisfatória para que se esforce tanto por ela.
Luiz Mendes
02/10/2009.