Grand Duchy, Diana Krall e Graham Coxon

por Cirilo Dias

Enquanto Frank Black e Graham Coxon acertam em cheio, Diana Krall derrapa na bossa-nova

Grand Duchy – “Petits Fours” (Blackseal)

Onde se ganha o pão não se come a carne, certo? Errado. Pelo menos no caso de Franck Black. O líder do Pixies resolveu quebrar a premissa acima e chamar sua esposa, Violet Clark, para passarem um tempo juntos dentro do estúdio. E dessa lua-de-mel musical nasceu o Grand Duchy. Permeado por sintetizadores, Petits Fours, álbum de estreia da dupla, mostra como o inquieto Black consegue surpreender com excelentes canções pop, como em “Fort Wayne” e na grudenta “Love Sick”. Impossível não lembrar do Pixies na soturna “Black Suit”, onde o baixo característico da banda e a voz gritada (porém, muito mais comedida) de Black dividem espaço com os sussurros de Violet Clark. Seja você fã de Pixies, ou não, o que importa é que o Grand Duchy vem recheado com nove músicas perfeitas para você ouvir a qualquer momento.



Grand Duchy - "Love Sick"



Diana Krall – Quiet Nights (Universal)

Não é de hoje que os “gringos” ficam extasiados com a nossa bossa nova. E também não é de hoje que de tão extasiados, eles resolvem se aventurar pelo ritmo e lançar suas devidas homenagens. “E se tanta gente já prestou homenagem, por que eu não posso?”, deve ter sido a pergunta que instigou a esposa de Elvis Costello, Diana Krall, a se aventurar pelas ondas sonoras da bossa e lançar “Quiet Nights”. Apesar da consolidada carreira como jazzista, Krall não faz mais do mesmo ao regravar “The Boy From Ipanema”, “Quiet Nights”, e cai na armadilha do português rocambolesco carregado de sotaque em “Este seu olhar”. Se não bastasse o excesso de obviedade, o disco ainda traz uma releitura bossa nova para “How Can You Mend a Broken Heart”, do Bee Gees. Quiet Nights não é um disco ruim, é apenas dispensável perto da capacidade musical de Krall.



Diana Krall - "Este seu olhar"


Graham Coxon – The Spinning Top (101 Distribution)

Por trás dos óculos de aro grosso e da aparência tímida, esconde-se um dos mais criativos compositores e guitarristas do Reino Unido. Sujeito inquieto, ao invés de aproveitar toda a fama que tinha como guitarrista e compositor do Blur, Coxon preferiu trilhar paralelamente uma sólida carreira solo. The Spinning Top abre com a intensa e “nick drakeana” Look into The Light, que prepara o ouvinte para a belíssima balada “This House”. Já “Brave the Storm” caberia muito bem em algum disco do Belle and Sebastian. O clima lo-fi presente no disco só é quebrado pelas distorções de guitarra em “Dead Bees” e pelo dedilhado alucinado de violão na folk “Sorrow´s Army”. E ainda sobra espaço para algumas canções que lembram bastante o Blur, como “Humble Man”. Enquanto o Blur aproveita as férias, Graham Coxon lança seu sétimo disco, e prova com 17 novas canções, que continua com a mente brilhante.



Graham Coxon - "Sorrow´s Army"

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