por Redação

Ana Boscarioli deve ser a primeira sul-americana a completar a rota dos picos mais altos do mundo

No dia 18 de maio do ano passado, Ana Elisa Boscarioli se tornou a primeira brasileira a alcançar o cume do Everest. Ela subia pela face sul enquanto seu amigo Vitor Negrete descia pela norte, depois de conquistar o cume sem uso de oxigênio complementar. Vitor morreu horas depois de atingir seu objetivo num dos acampamentos no alto da montanha. Sua lamentável morte teve grande repercussão na mídia e acabou ofuscando a conquista de Ana.
Cirurgiã plástica, 41 anos, uma filha, Ana busca agora outro ideal: ser a primeira sul-americana a completar a rota dos picos mais altos, no Projeto Mulher Brasileira no Topo do Mundo – Sete Cumes. Ela agora está no monte McKinley, Alasca, também conhecido como Denali – que no dialeto indígena local significa “o grande”. É, de fato, o pico mais alto da América do Norte e está na lista dos mais altos de cada um dos sete continentes: Everest (Ásia), Aconcágua (América do Sul), Kilimanjaro (África), monte Elbrus (Europa), maciço Vinson (Antártida) e a parede Carstensz (Oceania). Ana, que já subiu o Aconcágua e o Everest, pretende subir todos.

Com “apenas” 6194 metros, o Denali (na foto) é famoso pelo frio. O limite físico e psicológico é testado durante as escaladas de alta performance, e muitas vezes a decisão de renunciar ao objetivo é difícil, mas necessária. A larga bagagem de escaladas, com mais de oito cumes acima de 6000 metros atingidos – sendo dois deles acima de 8000 metros –, e prevendo o perigo, Ana Boscarioli teve que tomar uma das decisões mais difíceis para um montanhista: olhar para o cume a poucos metros e voltar. A Nokia Denali Expedition 2007, que sobe o monte McKinley, conta, além de Ana, com Roman Romancini, Clayton Conservani, Eduardo Keppker, o inglês Andrew Chandler e o equatoriano Pepe Jijón. Ana Elisa, Roman e Andrew optaram, quando todos atacavam o cume, por voltar ao acampamento. Clayton, Eduardo e Pepe seguiram e, no dia 1º de junho, atingiram o cume.

No blog de Clayton ele descreve as situações extremas que passou. Conta que a ponta do nariz e os dedos ficaram debilitados por causa do frio de - 40 ºC e vento forte. Ana Elisa, Roman e Andrew partiram para o pico ao ver a outra metade do grupo chegar com segurança. Na terça-feira passada, a 20 metros de distância do pico do Denali, os três optaram por retornar, depois de Roman e Ana escorregarem, em um trecho perigoso, por quase 150 metros. Os ventos passavam de 50 km/h. A montanha norte-americana é considerada uma das mais frias do mundo, e a sensação térmica pode atingir os 120 graus negativos. Não foi dessa vez, mas Ana diz, através de seu site, que “é uma montanha que vale a pena voltar”. Seus desafios vão continuar.

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