Não é de hoje que carro é usado para atrair o sexo oposto: o TC foi lançado com este mote
“Este carro nunca vai deixar você falando sozinho.” A frase estampada num anúncio da campanha de lançamento do Volkswagen Karmann-Ghia TC trazia um duplo sentido proposital. Por um lado, dava a entender que a mecânica herdada do Fusca jamais deixaria o proprietário na mão. Mas a foto que ilustrava a publicidade sugeria outra conotação. Nela, um casal posava feliz ao lado do automóvel, enquanto o texto revelava o monólogo de um pretenso não proprietário: “Ah, se eu tivesse hoje um Karmann-Ghia TC zerinho.^^~-_- Convidava a linda para um passeio... Depois dava uma parada num lugar bonito... A gente ficava em silêncio, as mãos se tocando... Diabo, eu preciso de um TC antes que seja tarde...”. E a conclusão: “O Karmann-Ghia TC deixa muita gente falando sozinho. Antes de possuí-lo”.
Carros e conquistas amorosas estão ligados muito antes de o termo “maria gasolina” surgir. E a Volkswagen usou e abusou do tema neste e em outros anúncios do TC (sigla para Touring Coupé), modelo esportivo apresentado ao público em 1971 e fabricado pela marca no Brasil. Sobre a sugestão de coito sobre rodas, o administrador Flávio Castanheira Júnior, 43 anos, proprietário de um raro TC 1971, dispara: “Propaganda mais do que enganosa. Afinal, é impossível fazer qualquer coisa no diminuto banco traseiro desse carro”.
Ímã da mulherada
Castanheira tem dúvidas sobre o poder de conquistar o sexo oposto. “Pode até ser que na década de 70 o carro fizesse sucesso e despertasse a libido da mulherada. Mas, hoje, quando saio com meu TC, acabo atraindo mais olhares de marmanjos do que do público feminino”, diverte-se.
Se o modelo fazia mesmo jus à fama de garanhão nos anos 70, ao menos o “estrago” causado à honra de “inocentes donzelas” foi pequeno. Isso porque o Karmann-Ghia TC teve vida curta. Fabricado até 1976, o esportivo somou irrisórias 18.119 unidades produzidas. Um alívio para as mães mais conservadoras