Tudo saturou. Aqueles que deviam representar cansaram os que são representados. Somente os demagogos fazem sucesso. Aqueles que buscam atingir a camada mais inculta e abandonada da população. Os "legítimos", os "originais" se perderam no abismo sem fundo da desestima e no desamor que caiu a vida pública e social do país. Os mais "inteligentes", os mais "capazes", aqueles que deviam interpretar os acontecimentos, se venderam aos podres privilégios que estão em avançado processo de decomposição. Os jornalistas, ah! Os jornalistas, com raríssimas exceções que nem chegam ao quantum necessário para confirmar a regra, perderam-se da objetividade, tomaram partido do dinheiro e se corromperam. Vivem imersos na mediocridade ambiente e se venderam a seus donos e só passam ao público a verdade de quem paga mais. O político então, não merece nenhuma consideração. Nem uma linha sequer. Os intelectuais, destituídos de subjetividade, já não sabem mais como desenvolver um pensamento inovador, revolucionário e criativo que levante as multidões. À falta da aventura do pensamento, do heroísmo e de lideranças incendiárias, o país e seu povo mergulham no consumismo, no fanatismo, no fundamentalismo, na doutrina da salvação e no justiça feita com as próprias mãos. O cinismo campeia e nós, ah! pobres de nós, desesperançados, vamos resistindo ao fim da alegria, ficando por ai, jogados nas calçadas a revirar lixo de restaurantes para nos alimentar...