por Luiz Guedes
Trip #206

Versão sem capota do carro foi símbolo de uma celebração sobre rodas para toda uma geração

Há exatos 25 anos, o mundo era bem diferente. Um simples muro dividia o planeta entre capitalistas e comunistas. A moda pregava cores fluorescentes, ombreiras e gel nos cabelos. Bill Gates e Steve Jobs não passavam de dois jovens empreendedores. Diego Maradona e “la mano de Dios” conquistavam o bicampeonato para a Argentina na Copa do Mundo de futebol, enquanto o rock nacional vivia seu auge e o cometa Halley fazia a última de suas performances nas cercanias da Terra.

No mercado automobilístico, o recém-lançado Escort XR3 conversível chegava em 1986 ao topo da lista dos sonhos de consumo de toda uma geração. Apresentado ao público alguns meses antes, em meados de 1985, o esportivo da Ford encantava jovens e adultos que pudessem pagar pelo design atualizado em relação ao similar europeu – fato inédito na indústria nacional até então. Além disso, tornava-se o primeiro conversível nacional construído por um grande fabricante desde o longínquo Karmann-Ghia, disponível em 1968 com míseras 176 unidades produzidas. E tudo isso numa época em que a proibição das importações mantinha uma zona de conforto para as montadoras nacionais – que, diferentemente do cenário atual, chegavam a passar mais de cinco anos sem apresentar uma única novidade.

Com aparições frequentes em novelas e outros programas de televisão, sempre ligado a personagens bem-sucedidos, o XR3 conversível logo virou sinônimo de status, carro de playboy. Objeto de desejo para muitos e de conquista para poucos. “Era o ‘bambambã’ do ‘bambambã’ ”, atesta o comerciante Sérgio Fontana, 52 anos, sortudo dono de um exemplar naqueles tempos. Hoje, ele revive os dias de glória do passado sempre que sai a bordo de um dos três Escort XR3 conversível que mantêm em sua coleção. “E é incrível como ele continua a chamar a mesma atenção no trânsito”, afirma Fontana. “Claro que não mais como símbolo de modernidade. Mas sim porque agora o modelo se transformou num verdadeiro clássico, símbolo de uma época.”

Créditos

Imagem principal: Divulgação editora Jaboticaba e arquivo pessoal

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