por Filipe Luna

D2 aproveita a pausa nas turnês para descansar os pés em sua enorme coleção de tênis e proclama: fazer CD já era

Marcelo D2 já não aguenta mais ficar andando de um lado pro outro no palco. Quer dizer, isso ele até aguenta – o que não suporta mais é ficar viajando pra lá e pra cá, fazendo shows Brasil afora. “Gostaria de me aposentar cara, em uns cinco anos”, explica. “Turnê acaba com a saúde. Queria fazer uns três shows por ano só”, lesa.

O corpo, cuidado com futebol semanal e malabarismos no basquete – na sala de casa mesmo, acompanhado de Stefan, seu filho mais velho –, está pedindo para o bondinho ir mais devagar. O rapper aproveita que o contrato com a gravadora está no fim para repensar os caminhos de sua carreira. “Não sei se vou lançar mais CD”, reflete. “Quero gravar uma música e lançar. Ainda não sei o formato, mas tive uma experiência muito boa com download patrocinado. Uma empresa comprou uma música minha e colocou de graça na internet. Deu mais de 200 mil downloads. Adorei essa idéia”, entusiasma-se.

Outros projetos paralelos empolgam Marcelo. Ele está reformando o Teatro da Galeria, no bairro do Flamengo – plano idealizado por Vinícius de Moraes nos anos 60. Quer criar um espaço para shows de médio porte no Rio de Janeiro. “Tô a fim também de pesquisar música brasileira”, conta: “Viajar, fotografar, gravar, depois fazer um rap em cima. Não sei se precisa ser necessariamente um disco”.

Pegando no pé

Enquanto não sai batendo perna pelo Brasil, D2 tenta escolher em qual par de tênis de sua enorme coleção vai relaxar os pés nessa tarde. Os cerca de 50 pares espalhados na sala de sua casa são apenas metade do total. O hobby começou há uns cinco anos, mas a paixão é antiga. “O primeiro tênis que gostei foi o Kichute”, lembra. “Tinha um anúncio que um moleque ia saltando vários obstáculos. Minha mãe comprou um pra mim e eu ia pra escola achando que tava num comercial”, ri. Hoje o seu favorito é de longe o modelo Air Force 1, da Nike.

A empresa até levou o rapper para as comemorações dos 25 anos do modelo em Nova York. “Esse é o xodó”, derrete-se. “O branco é o mais clássico, combina com tudo. É um que não coleciono, uso mesmo. Quando fica velho que nem esse aqui [aponta para o tênis imaculadamente branco] eu dou pra um amigo”, explica. Coisa de fissurado: para o olhar leigo o tênis parece tão branco quanto uma pomba da paz que tomou banho de sabão em pó. “Compro uns 12 por ano”, conta. “É igual madeira de skate: dura um mês só”, gargalha.

A paixão pelo modelo é tão grande que estragou o lançamento de sua linha de tênis personalizada. “Eu gosto de Air Force 1, sabe qual é?”, explica entre risos. “Pra fazer um tênis meu, eu teria que usar, né? Esse foi o grande problema...”.

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