Doe a quem doer
Incentivos fiscais fazem com que milionários americanos coloquem a mão no bolso para filantropia
Por Millos Kaiser
em 16 de abril de 2012
ESTADOS UNIDOS
. Os EUA estão no topo do World Giving Index, principal estudo sobre filantropia do mundo. Cerca de 65% da população já fez alguma doação financeira na vida. (O pódio é completado pela Austrália e pela Nova Zelândia).
. Em 2009, os filantropos americanos movimentaram US$ 303 bilhões. Sozinho, o megainvestidor Warren Buffet, ex-homem mais rico do mundo, doou US$ 37,4 bilhões – 85% de sua fortuna. E para os filhos? “Darei o suficiente para que eles sintam que podem fazer qualquer coisa, mas não tanto para que achem que podem ficar sem fazer nada.”
. Para estimular as empresas a mexerem no bolso, o governo americano dá abatimento de até 10% nos impostos.
. Por lá, pai rico não significa filho rico. Os impostos sobre transmissão de patrimônio chegam a 70%. Doações, ao contrário, podem ser abatidas em até 100% no imposto de renda, o que explica tanta generosidade.

BRASIL
. O Brasil ocupa o 85º lugar dentre 153 países no ranking. Apenas 26% dos brasileiros já fizeram algum tipo de caridade pecuniária.
. O Estado brasileiro não dá exemplo para seus cidadãos: apesar da arrecadação recorde, a máquina pública mal consegue canalizar 0,3% do PIB para a filantropia – menos da metade da média mundial, de 0,8%.
. O brasileiro é sovina? Há quem alegue razões culturais, mas em comparação com os EUA falta o empurrãozinho do fisco. Somando benefícios das leis de incentivo a cultura, esportes e projetos sociais, o máximo que uma pessoa física ou jurídica pode ter de dedução nos impostos é de 6%.
. O ITMD (Imposto de Transmissão de Causa Mortis) dificilmente come mais de 5% das heranças na hora que ela passa de uma geração para a outra. Ou seja, melhor que ser herdeiro é ser herdeiro brasileiro.
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