Dichavando a reforma política

por Redação

Entenda o que é esse projeto sem os termos viciados do ?politiquês’

POR ALÊ YOUSSEF ILUSTRAÇÃO ANA STARLING

Se está difícil levantar bandeiras e acreditar em algo hoje em dia, vamos pelo menos lutar pelo direito de entender o que se passa e de falar de política de um jeito diferente. Um bom começo é "dichavar" um termo que pode pôr fim a essa cultura de corrupção que parece fazer parte do DNA do Brasil: a reforma política. Esse projeto, que está para ser votado no Congresso, tem como ponto fundamental o financiamento público das campanhas eleitorais. Ou seja, todas as campanhas seriam bancadas pela grana dos impostos que o governo arrecada. A grande sacada seria acabar com a dependência entre candidatos e doadores. É quase óbvio que o doador de milhões de reais queira alguma coisa por tanto investimento. Não seria melhor se todos contribuíssem com as campanhas para acabar com esse troca-troca? Imaginem que bacana termos os candidatos honestos com o mesmo potencial de campanha dos comprometidos com o "esquemão".

Aqueles que são contra esse financiamento afirmam que a criação de mais um gasto público desviaria recursos de áreas mais importantes como educação, saúde etc. No sistema atual, porém, nosso dinheiro já financia parte das campanhas por meio do Fundo Partidário [distribuição de recursos para os partidos políticos que, somente em 2002, chegou a R$ 84 milhões] e das redes de televisão e rádio que recebem cerca de R$ 1 bilhão [isso mesmo!] em isenções fiscais para exibir a propaganda eleitoral obrigatória. É claro que esse financiamento público gera uma despesa a mais para cada cidadão [algo em torno de R$ 7 por eleitor], mas pode ser uma saída real para combater essa loucura de caixas dois milionários e malas de dinheiro voadoras. Seria um investimento em ética na política que ajudaria a aumentar a credibilidade desse meio tão queimado.

*Alê Youssef, 30, é advogado, chefe de gabinete da vereadora Soninha Francine, e adoraria liberar algumas moedas de seu cofrinho para contribuir com o financiamento público das campanhas eleitorais

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