Conceitos
Gostar de um homem ou uma mulher pela sua beleza, pela atração sexual que exerça sobre nossa libido, ou até pela sua inteligência, capacidade ou arte, ainda não é amor. Apenas reduzimos a pessoas às dimensões de nosso entendimento e sentimento. Quando pergunto sobre qualquer coisa que eu sinta, estou em dúvida. Amor, até onde sei ou imagino saber, é auto-evidente; parece que quem tem a glória de sentir tão forte emoção, transpõe as fronteiras de onde opera nosso individualismo. Não há como disfarçar, esconder, a pessoa como que implode e explode em seguida. O rosto transfigura-se e o mundo da lua é sua morada. Os olhos brilham e todo ser se ilumina como uma árvore de Natal. Não há possibilidades de dúvidas.
É a grandeza, a riqueza e a beleza humana própria daquela pessoa que estamos amando que nos chama a dilatar o que somos para recebê-la em nós, em nosso âmago. E precisamos responder àquela dimensão de vida a que somos convocados a nos ampliar para receber. Esse desafio nos aumenta e nos surpreende; acabamos dando até o que desconhecemos e assim nos descobrimos. Principalmente quando o alvo de nossos sentimentos descompensa, ameaça e até se nos torna hostil. O amor alarga a paciência e nos conduz a que ultrapassemos o medo que, em tese, nos protegeria. Protegeria da perda, da dor, de nossas desconfianças, espertalhices, inseguranças, fraquezas e principalmente do que nos separa dos outros e nos individualiza.
Em amando creio que é preciso jogar tudo sem pensar em depois; é uma dádiva, o supra sumo da existência. É preciso dar o valor maior; é absolutamente necessário dar tudo; encarar de frente e se atirar de corpo e alma. Amor é mergulho profundo. Quem aposta nessa jogada conosco prova que é digno de viver no centro, de onde jorra nossa existência. Amar talvez seja viver a vida com mais conhecimento, com mais largueza e profundidade. Eu, aqui com minha colher, ainda fico a me imaginar colhendo estrelas pelo céu…
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Luiz Mendes
18/12/2013