De ouvidos abertos e orelhas de livro

por Redação

Leitora tira a sorte grande: cruza Cony e Lygia Fagundes Telles

Quem gosta de ler não pode deixar de ir à Bienal do Livro. Tá certo, é longe. Mas chegar lá é apenas a primeira viagem. Quem não consegue entrar numa livraria sem sair abarrotada de livros, como eu, enlouquece. Centenas de estantes lotadas(corredores também, vai) e aquele cheiro delicioso do papel que nem a maior Praça de Alimentação, por mais que tentasse, conseguiria dissipar. Chegando lá,trace uma reta para o Salão de Idéias que fica lá no fundo, passando todas as ruas A, B, C, o alfabeto inteiro. Se der sorte, pode ter alguém ilustre agendado para falar. Eu acertei na Mega-Sena. Tive a chance de ouvir dois dos meus prediletos: Lygia Fagundes Telles e Carlos Heitor Cony. O tema do bate-papo era criação literária, os livros que leram, os que mais marcaram, os que ficaram na memória. Além do básico Machado-Drummond-românticos, teve Simbá o Marujo que marcou a infância de Lygia e bula de remédio, que segundo o Cony é fonte inesgotável de nomes dificílimos que são ótimos em textos depois de devidamente ingeridos e metabolizados (teoria do próprio Cony). Cada um do seu jeito,com seu tom de voz, usaram e abusaram da palavra, dessa vez, a falada, para um auditório repleto de ouvidos curiosos. Ao fim de uma hora, eles se despediram e alguns ainda tentaram um dedo a mais de prosa ou um autógrafo. Tentei falar com o autor de Quase Memória. 'Leio o senhor todos os dias no jornal' eu diria. Mas achei que era óbvio demais. Que não estava bom o suficiente. Pensando bem, acho que vou deletar essa página e começar tudo de novo.
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