Crimes da Mídia
Pseudos repórteres apresentam pseudos programas policiais/jornalísticos na televisão. Como não acontecem tantas ocorrência como querem nos fazer crer, criam, inventam, exageram e fazem do sofrimento das pessoas, um show. Carniceiros, refestelam-se e lambuzam-se na dor alheia, esticam o chiclete por toda extensão da muitas horas de seus programas. E são premiados com salários milionários. As emissoras travam verdadeiras guerras umas com as outras para mantê-los em seu plantel ou tomá-los das “co-irmãs”.
A cracolância e seus infelizes viciados são o alvo favorito dessa gente. Qualquer passada de câmara pelo ar rende os comentários mais ácidos ou jocosos. Às vezes atacando autoridades, mas sempre culpando as vítimas, massacrando quem já esta caído, cuspindo cara de quem esta jogado no chão.
E gritam, pulam, saltam, fazem cara-de-mau, ameaçam, intimidam e se pudessem até linchariam suas vítimas. E atacam tanto que acabaram por criar a idéia de que São Paulo é uma cidade sitiada pela bandidagem e que temos uma epidemia de crack.
Sai da prisão depois de mais de 30 anos preso, com medo. Pelo que esses criadores do caos gritavam na TV, eu seria assaltado, roubado, ferido, baleado a qualquer esquina que virasse. Era parar o carro no cruzamento e pronto, estaria no risco. Andava assustado, atento, segurando minha carteira com a mão.
Mas por mais que procurasse, curioso, não encontrava o crime acontecendo. Atravessava a cidade de São Paulo de um lado ao outro, admirando, namorando, devorando, apaixonado pela minha cidade e não via nada do que eles diziam. Passava pela tão falada cracolândia, pelos bairros todos e não vi a tal “epidemia do crack” que eles tanto martelavam em cima.
Não temos um exército de zumbis perigosos ali na cracolândia. Alias, nem cracolândia existe. O que existe e as organizações sérias como a Fiocruz e o Senad constataram, são pequenas “cenas de uso” da droga. E isso é móvel e migra constante em busca de melhores condições de sobrevivência. Só vi meninos sujos, cobertos por andrajos, se cobrindo com cobertor para fumarem suas drogas com tranqüilidade. Pobres diabos que não ofereciam perigo a ninguém, tão depauperados estavam. Uma gente apagada, miseravelmente sofrida que todos deviam ter piedade em vez de medo.
São esses crimes contra a verdade em busca de preencher desesperadamente horas de programação, que demonstram o desfavor que nos fazem. São essas pressões que levam os responsáveis pela cidade a buscarem uma abordagem higienista dos problemas. Senão eles vão continuar falando, falando e ganhando fortunas com a miséria e o sofrimento de suas vítimas.
**
Luiz Mendes
15/08/2011.