O ambiente da Trip estimula: a vivacidade, a originalidade, a personalidade de cada uma dessas mulheres
Imagine uma empresa moderna, onde trabalham 200 pessoas, sendo 68 homens e, mais da metade disso, 132 mulheres. Essas mulheres, todas elas sem exceção – morenas, ruivas, loiras, acastanhadas, umas medianas outras mais altas – têm corpos esculturais, olhares sedutores, lábios grandes e sorrisos insinuantes. Umas são mais modernas, outras mais clássicas. E todas, absolutamente todas, inquestionavelmente lindas. Detalhe: elas trabalham de minissaias, calças apertadas e blusinhas decotadas. Até a parte de cima do biquíni, no verão, pode fazer parte do figurino muderrrrrno. Essa é a Trip, que, de tão descolada, valoriza esse tipo de mulher e, claro, só contrata as bonitas. Mais que isso, as perfeitas.
A descrição abusada acima, obviamente, foi inventada. Mas é assim que muita gente fantasia a Trip. Não é raro que amigos – do sexo masculino, que isso fique bem claro – ou rapazes desconhecidos, quando ficam sabendo que eu trabalho na editora, soltem comentários do tipo: “Me arruma um trabalho lá! Quero conviver com aquele monte de mulher bonita”. Um de meus colegas de Redação, que entrou no time da revista recentemente, outro dia me contou dos tapinhas nas costas e dos sorrisinhos irônicos que recebeu de seus amigos – todos muito machos – quando foi comemorar a contratação.
Vou, então, desmistificar essa história. Os números citados são reais. Mas essas 132 mulheres não são quase perfeitas, tampouco ficam desfilando sob modelitos provocativos nos corredores da empresa. O que acontece é que a Trip, misteriosamente, acaba atraindo um tipo de mulher que merece ser muito mais valorizada do que o hipotético tipo que eu inventei para atiçar a imaginação do leitor. São mulheres que – altas ou baixas, loiras ou morenas, magrinhas ou gordinhas, malhadas ou desencanadas – têm personalidade. Mulheres que, acima de todas as outras qualidades, são bem resolvidas – e talvez por isso carreguem uma sensualidade nada óbvia, que acaba seduzindo quem está por perto.
Isto sim o ambiente da Trip estimula: a vivacidade, a originalidade, a personalidade de cada uma. A tal da diversidade. Tanto que umas vêm trabalhar de botas verdes, outras de Manolo Blahnik, outras de All Star – e há ainda as que preferem as rasteirinhas ou as Havaianas, legítimas ou não. Umas vêm com os olhos delineados, outras abusam do batom vermelho. Tem as que não dispensam a bochecha rosada pelo blush (como eu) e as que vem de cara lavada – com ou sem olheira. Essa liberdade de ir e vir, e sobretudo de ser, estimula a gente a se gostar mais. E a descobrir o que temos de mais valioso, seja uma bunda (por que não?), seja o olhar, seja o humor, seja o talento.
Eu, que acompanho a Trip há uns bons 12 anos, e que vi sua irmã mais nova, a Tpm, nascer e crescer, posso dizer que o segredo de “tanta mulher bonita” por trás destas páginas é muito mais simples do que se imagina. Aqui, todo mundo pode ser. E, assim, acontecer.
Desculpe se acabei com o mistério, com a fantasia ou com os clichês. Agora você pode degustar este ensaio, com as cinco funcionárias escolhidas pra encher seus olhos este ano, com muito mais pé no chão: elas são reais, muito reais. Não foram transformadas, tampouco photoshopadas. E vêm, todos os dias, trabalhar bonitinhas, cada uma do seu jeito. Pode entrar, a casa é sua.
ARTEIRA
Camila Fudissaku, 28, é do signo de Touro. É leal, paciente e disposta como... um touro. Mas também pode ter ataques de fúria, rigidez e possessividade. Na Trip, onde trabalha há sete meses como editora de arte, se diverte montando as páginas da revista. Quando foi convidada a posar, se sentiu lisonjeada: “Lembro do primeiro ensaio das funcionárias, foi o maior barulho, achei demais”, empolga-se. “Mostrou que beleza e inteligência podem andar juntas. Estou fazendo por pura diversão”, conta a mestiça. Filha de pai japonês e de mãe brasileira com origens italianas, Camila é uma garota do lar. Gosta de costurar, de cuidar da casa e não troca a vidinha de casal por nada: jantarzinhos e filmes a dois são seus programas prediletos. Na Redação, ela se localiza a duas bancadas e três computadores de distância – é quietinha, concentrada e muito bem-humorada.
O que mais te irrita nas pessoas?
Indiferença.
Pra você, viver é...
Uma montanha-russa. Com o tempo a subida vai ficando menos tensa, porém a adrenalina da descida é sempre surpreendente.
Se pudesse se transportar agora para qualquer lugar, para onde iria?
Para perto das minhas amigas que moram fora. Cansei de MSN. Queria mesmo uma balada bem mariquinha, com direito a fofoca e salão de beleza.
Como se imagina aos 80 anos?
Satisfeita.
O que quer ganhar de Natal?
Muita saúde para o ano que vem.
IRREVERENTE
Uma das figuras mais peculiares que passou pela Trip nos últimos tempos é, sem dúvida, Camilla Garcia, a Milla. Ela queria tanto trabalhar com a gente que passou o ano de 2006 todinho vindo ao prédio da editora, fingindo que conhecia alguém. Tudo para ver se conseguia uma vaga. “Sou cara-de-pau mesmo”, admite. “Chegava na recepção, falava o nome de alguém importante que tinha visto no expediente da revista e pedia pra chamar.” De tanto insistir, Milla, 26, acabou se tornando assistente de relações públicas. Depois, foi para a área de circulação. Nascida e criada em Campinas, Milla trabalhou em loja de shopping, em eventos e foi assistente do chef Alex Atala. Teimosa, faz jus ao seu signo, Touro, e, pra relaxar, pratica jiu-jítsu e boxe na academia. Adora uma balada: está na fase “de segunda a segunda”. Vira e mexe, nos encontramos na cozinha, onde, enquanto eu aqueço meu arroz integral e legumes cozidos, ela prepara um miojo com folhas de manjericão, um hambúrguer com tomatinhos picados ou um hot dog com mostarda da boa. Sempre com muita criatividade.
Pra você, trabalho é...
Tesão.
Os melhores homens são...
Maduros na medida certa.
Quais são seus livros prediletos?
A menina que roubava livros, de Markus Zusak, Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, e os de gastronomia. Alex Atala e Jamie Olivier são meus favoritos.
O que quer ganhar de Natal?
Muito beijo, abraço, amor e, quem sabe, uma viagem para Fernando de Noronha.
MISTERIOSA
Ela mal chegou à Trip e já foi surpreendida com o convite para o ensaio das funcionárias. Camila Garcia (não confunda com a homônima ao lado, que tem dois L no nome), 27, assistente de circulação e assinaturas da editora, não pensou duas vezes. “Foi tudo muito rápido, era meu segundo dia de trabalho”, lembra. “Acabei aceitando, mas fiquei morrendo de vergonha.” Camila tem olhos azuis que pulam do rosto e, como boa sagitariana, é generosa e aberta a toda e qualquer mudança que a entusiasme. Atualmente, só tem tido tempo de ir da casa para o trabalho – e do trabalho para a faculdade de ciências sociais, na USP. De vez em quando, agüenta esticar a aula numa cervejinha com os amigos. Queria fazer mais esportes, tenta correr quando dá e está morrendo de vontade de passar dias largada numa praia. Distante da minha mesa seis bancadas e uma curva à esquerda, ela passa o dia olhando para o computador, bem centrada, e não dá o ar da graça – pelo menos por enquanto – no café e nas demais dependências da Trip. Camila, para mim, é ainda um mistério.
Qual é seu filme predileto?
Os sonhadores, de Bernardo Bertolucci.
Qual é o lugar mais bacana que já conheceu?
A Ilha Grande, no Rio de Janeiro.
Trabalho, pra você, significa...
Aprendizado.
Você, que está solteira agora, quer namorar um cara com quais características?
De bem com a vida e sem frescuras.
O que quer ganhar de Natal?
Uma casa. Na praia, de preferência.
SEM VERGONHA
Pessoas do signo de Peixes são sensíveis, costumam freqüentar o mundo da lua e, geralmente, têm afinidade com artes. Bruna Fortino, pisciana, 22 anos, produtora da revista Natura LATAM, adora o que faz: acompanhar fotos, dar idéias, conversar com muita gente, falar no celular, no rádio, no MSN, no e-mail. Bruna fala pelos cotovelos. Sua melhor amiga, a Gê, da faculdade de publicidade na Faap, também trabalha na Trip. E elas fuxicam sem parar: sobre roupas, liquidações, esmaltes, baladas (só as melhores, escolhidas a dedo). E o mais legal de escutar as conversas das duas é constatar que elas se divertem. E que falam dessas amenidades com leveza, prazer e, sobretudo sem vergonha. “Essa história de ensaio vem de tempos...”, conta. “Uma piadinha aqui, uma brincadeirinha ali. No fim das contas novembro chegou e foi a hora da verdade: ‘Topa ou não topa?’.” Ela topou, sem titubear. “Por vaidade mesmo, afinal, toda mulher gosta de se sentir bonita.”
O que mais gosta de fazer quando não está trabalhando?
Amo reunir meus amigos ou ficar com a família. Sinto necessidade de estar sempre rodeada de pessoas queridas.
Qual é seu grande sonho?
Conhecer todas as praias do mundo.
O que não sai do seu iPod?
Marisa Monte, Jorge Ben Jor e Nando Reis.
Como se imagina aos 80 anos?
Uma velhinha muito descolada.
O que quer ganhar de Natal?
Um monte de presentes e muito papel pra rasgar. Adoro desembrulhar presentes que nem criança e, depois de “crescida”, nunca mais fiz essa farra!
BONECA PUNK
Quando Cárita Negromonte, 25, começou a trabalhar como revisora da Trip, em abril de 2008, não houve quem não a percebesse. O rosto perfeitinho, a voz fina e a cara de boa moça contrastam com as sete tattoos que contornam seu corpo. Escorpiana, é corajosa, ciumenta e desconfiada. Uma menina do interior. Nascida em Campinas, Cárita morou até os 2 anos e meio em Florianópolis, mas cresceu em Jundiaí, onde viveu até os 20 anos. Quando recebeu o convite para ser fotografada, ficou “surpresa, apreensiva, confusa e... desconfiada”. Na editora, Cárita fica a uma escada abaixo e duas Redações de distância de meu Q.G. Quando sobe para me entregar os textos que, cuidadosamente, revisa pra gente, sempre pede licença e fala baixinho. Moça educada. Além das letras, ela gosta de desenhar, de ler, de ir a shows e assistir a filmes. Adora música (Joy Divison, Johnny Cash e The Observers entre as bandas preferidas) e namora Alex, um cara que, além de dar aulas de inglês, de tocar bateria e de andar de skate, a faz feliz, muito feliz.
O homem ideal pra você é...
O Alex! Companheiro, sincero, amigo-namorado.
Qual foi a maior viagem que já fez para dentro de si?
Foi quando perdi meu avô paterno, extremamente especial para mim. Passei muito tempo pensando sobre a vida, questionando diversas coisas antes ignoradas. Mudei muitas coisas na minha vida.
Como se imagina aos 80 anos?
Bem colorida, até lá vai dar para fazer muitas outras tattoos.
O que quer ganhar de Natal?
Um gatinho vira-lata preto ou um Wii.
Coord. Geral Adriana Verani Produção Marina Manzoli e Annabelle Custódio Stylist Sator Endo Make/Hair Paulo Ávila Assis. Foto Rodrigo Bueno Assis. Stylist Toni Muller Assis. Make/Hair Letícia Rodrigues Créditos Moda Verve, Any Any, Calvin Klein Underwear, Pitanga, Jogê, Elegance, Madame X, Dzarm, Shop 126 , C&A Agradecimentos Carol e Silvia de Arruda Botelho / Haras Santa Clara – Jundiaí Contato Sítio Morrinho – Vilma Warner (11) 7563 5463 / (11) 9653 9204