Conversa de Fim e Início de Ano

por Luiz Alberto Mendes

Ano  Novo

 

Viver seria maravilhoso se a gente soubesse o que fazer com a vida e com tudo ou nada que temos. Metemos os pés pelas mãos e passamos a cultivar modos secretos de encarar a angústia e a solidão.

Esse foi um desses anos absolutamente novos. Mas também tudo é inaugural para mim já que estou em contato com o mundo a pouco mais de seis anos. Viajei muito, conheci várias capitais e cidades. Estive (a trabalho) em Belo Horizonte; Brasília; Natal; Rio; Mossoró; Salvador (duas vezes)... Conheci novas realidades, conquistei novas amizades, amei e fui amado. Estive pujante, voraz, ensandecido e arrebatado pela paixão de ser e estar vivo em liberdade.

Vivi momentos iluminados de profundas compreensões. Aprendi muito, cresci muito, compartilhei bastante, escrevi incansavelmente (só no blog são 208 textos neste ano), falei para muitos e com muitos. Aprontei três livros para edição (sairão neste ano entrante), li, pesquisei e estudei bastante.

Claro, houve enganos, tristezas, angústias e algum sofrimento. Algumas certezas e a principal delas: que não podemos deixar de lutar. Não podemos dar tréguas, principalmente em nosso país. Ficou absolutamente claro para mim que tudo aqui depende somente de nós. Confirmou-se: só deixamos de encontrar o que deixarmos de buscar.

Depende de nós que esse país funcione de modo a que seus concidadãos possam viver com dignidade. É só observar: estamos acomodados. Os males da ditadura ainda nos atingem violentamente. O cidadão foi ensinado a não reclamar, poderia trazer conseqüências desastrosas. Os militares controlavam o país e povo através dos meios de comunicação, da polícia e o funcionalismo público.

O ranço ainda permanece. Os veículos de comunicação ainda permanecem nas mãos de poucas famílias. A polícia ainda trata o povo como inimigo (e vice-versa). Os funcionários públicos se acham donos dos estabelecimentos municipais, estaduais e federais em que trabalham. Quando atendem as pessoas, é sempre de cima, qual estivessem fazendo um favor. São prepotentes, arrogantes e nos tratam com expressa má vontade. Lógicos; existem ainda aqueles “heróis da classe” que muitas vezes fazem a diferença.

Estão absolutamente esquecidos que foram contratados como servidores públicos. O trabalho deles é servir ao povo que procura os serviços públicos. O salário dessa gente sai dos impostos caríssimos que pagamos ou está embutido no preço de tudo que compramos.

Tudo o que há nas fundações, autarquias e setores governamentais é de todos nós e não só daqueles que ali estão contratados para gerir. Por lei, devem administrar para o povo e pelo povo. Vivemos em uma democracia, se não me engano. É obvio, eu sei. Mas parece que esquecemos. Não cobramos, não brigamos e não exigimos. Aceitamos passivamente tais manifestações.

Não sei se é cabível uma mensagem de fim de ano. Caso seja, a minha será esta: Vamos agir e deixar de apenas reagir! Vamos correr atrás de nossos direitos. Vamos exigir um tratamento digno pelo menos por parte daqueles cujo pagamento depende de nós. Pagamos impostos com muita dificuldade. Algumas empresas vão à falência aterradas pelo peso dos impostos. Não podemos, de modo algum, deixar esse valor público assim ao vento.

Vamos cobrar trabalho sério dessa gente. Fiscalizar e pesquisar como é gasta a verba pública. Inquirir, questionar e debater com gestores e Tribunais de Contas do Estado.  O processo de retomada do país ainda não foi concluído. Como se vê, ainda existe muito trabalho a fazer. Cada um de nós precisamos fazer sua parte.

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Luiz Mendes

29/12/2010.

 

 

 

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