O surf permitido no país do proibido

por Marcos Candido

As águas nunca desbravadas da Coreia do Norte estão abertas para o surf

Nik Zanella fala inglês, espanhol, italiano e mandarim. Em breve, também pretende aprender coreano, língua que tem ouvido com frequência nos últimos meses: Nik comanda há quase um ano uma expedição que ministra aulas de surf em ondas intocadas da Coreia do Norte, um dos países mais isolados do mundo.

Elaborado para surfistas iniciantes e intermediários, a expedição de Nik, que também é técnico da seleção chinesa de surf, dura oito dias e inclui várias etapas e modalidades - aproveitando ondas médias e dias calmos para stand-up paddle. Mesmo com um mapeamento feito 18 meses antes da primeira viagem, nem sempre as águas favorecem o passeio. Mas, para Nik, o que importa é o intercâmbio cultural. "As ondas podem ser até boas, mas se você quer presenciar longas temporadas de ondas grandes, pode continuar indo para Bali", diz. 

Não à toa, fora d'água os visitantes participam de jantares com pratos típicos, visitas a pontos turísticos da capital Pyongyang e, para finalizar, doses de Taedonggang, cerveja estatal consumida no país. Segundo Nik, "surfar na Coreia do Norte não é apenas sobre pegar umas ondas".

A recepção calorosa em um país tão fechado é considerada um marco pela agência que realiza o tour. Além de conceder vistos de entrada para surfistas, o regime de Kim Jong-un deixou que a empresa criasse uma das primeiras escolas de surf para norte-coreanos instalada na cidade de Hamhung, a Majon Surf School. O projeto foi elaborado por Nik e um hotel luxuoso da região e já conta com moradores que ajudam a ministrar aulas e a mapear o comportamento das ondas do Mar do Japão, que banha a costa leste norte-coreana.

 "Nós estamos trazendo para esses moradores um esporte que ajude as pessoas de lá a aproveitarem recursos naturais a sua volta, criando um laço entre eles e o ambiente agora cheio de moradores locais", diz o instrutor. 

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A agência de viagens cuida do visto para os turistas, mas recomenda que praticantes levem as próprias pranchas (aluguel de equipamentos ainda é restrito por lá). A próxima ida até as praias norte-coreanas está marcada para maio e vai até setembro. 

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