Comentários sobre ciência e religião

por Luiz Alberto Mendes

Juizos Religiosos

Fazer juízos sobre a moral de pessoas, tendo por base a religião ou não religião que ela professa é, no mínimo, uma insensatez. A moralidade e a cooperação, cientistas renomados provaram, não depende da religião para existir. Afirmam que tanto a idéia de cooperação quanto a de moral é possível por conta de mecanismos mentais que atuam em conjunto no homem. E que estes mecanismos não são específicos da religião e sim do homem.

Estudos realizados por cientistas das Universidades de Helsinki na Finlândia e Harvard nos Estados Unidos sobre atuação humana em dilemas hipotéticos de ordem moral demonstram que a base de julgamento de religiosos é idêntica à das pessoas que não possuem religião. A capacidade de discernir entre correto e incorreto, certo e errado é intuitiva no homem e independe da religião ou não religião que ele abrace.

Claro, há questões específicas, como aborto e eutanásia, em que a religião fornece regras, atualmente bastante questionadas ou claramente rejeitadas. Mas as questões de caráter mais abstratas são definidas com base numa moralidade intuitiva totalmente independente da religião.

O que parece bastante claro nos estudos atuais da moral e da cooperação, é que a religião favorece comportamentos sociais considerados positivos, mesmo que eles tenham sido formados independentes da religião. Supõem que tais comportamentos e a religião tenham a mesma raiz. As atividades religiosas funcionam como uma das ferramentas de incentivo e controle da moral e da cooperação entre os seres humanos, embora não tenham evoluído para esse propósito.

Há tempos venho lendo futurólogos e filósofos como Erich Fromm, afirmando que as religiões, despidas do sobrenatural, no futuro se transformarão em ONGs mundiais e que serão bases de ação social. O que parece coadunar com os últimos estudos realizados em grandes Universidades do mundo.

Não sou contra religiões. Creio que posso dizer que sou até favorável no que elas têm de ação e realização com pessoas. Tenho amigos que fora da religião viram bicho. É um freio, uma solução pelo menos temporária. Já freqüentei e sei o quanto há de balsamo, de alívio e respirar profundo nas religiões. Recomendo até, desde que haja equilíbrio e sensatez.

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Luiz Mendes

09/02/2010.

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