Comentários acerca da Qualidade de Vida

por Luiz Alberto Mendes

Não entendo as pessoas, não entendo o mundo e, principalmente, não entendo a mim mesmo

Reestruturação

 

Às vezes fico muito triste quando vejo a luz do sol sumir no horizonte, triste como me sinto agora. Triste porque não entendo nada. Não entendo as pessoas, não entendo o mundo e, principalmente, não entendo a mim mesmo. Pergunto, não sei a quem: como viver, participar e ser, sem entender? E olha que eu estudo, pesquiso, leio, viajo, vivo plugado e antenado. Trabalho com textos na Internet; entro várias vezes ao dia nas redes de comunicação e informação; Orkut, Skipe, You tube, Google, Um Segundo, e vai por ai afora. Fora sites e blogs conhecidos (legal os desconhecidos; sempre algo novo) que acesso sempre que posso. Estou com Tv a cabo e dou preferência a 5 canais: Animal Planet; National Geographic; History; Discovery; e Byographic. Leio o Estado de São Paulo diariamente. E sempre essa sensação de flutuação e relatividade me acompanhando em tudo. Nada de absoluto e nem sei no que pensar.

Queria entender um pouco, particularmente de mim. Vivo a me surpreender. Não que isso não seja bom, mas será que nada pode ser mais um pouco mais demorado? Dizem que é uma época de muita pressão para que façamos tudo ao mesmo tempo, agora, já. Os limites devem ser desafiados e jamais aceitos. Superar é a palavra do momento. Na afirmação absoluta: eu sou homem, a pergunta seguinte seria: e mais o que? Ser fechado é não ser aceito. E é isso que sou muitas vezes. Fechado. Estou velho? Provável, mas não desisto.

Quero ainda me relacionar com as pessoas e não com o que penso ou idealizo sobre elas. Estou cansado de conversar mais com o que penso da vida do que com a vida mesma. Preciso desesperadamente estar mais aberto a idéias que nem imagino existir. Isso ainda é pressão por superação. É isso que somos? Caminhos de ultrapassagens? Gostaria de me demorar mais a cada novo conhecimento, completá-lo em mim. Mas parece que não dá mais tempo. De repente sou atropelado por fatos e fenômenos, e tudo acaba empilhado nessa relação meia boca com a vida que consigo, apesar do esforço.

Talvez seja por estar consciente de que não entendo nada que entendo menos ainda. Porque, por exemplo, o que é qualidade de vida? Não é o que cada um de nós gosta de fazer? Ou são as receitas humanamente inalcançáveis que nos oferecem? Comer isso, fazer aquilo, vestir tal griffe, ler isso, assistir aquilo, ir aqui ou ir ali... Vejo qualidade de vida, por exemplo, chegar em casa e relaxar. Arranca a roupa e, de cuecas ou bermudão velho, abrir latinha de cerveja (a quem prefira wiskey, outros um “baseado”) e se jogar no sofá a saborear descanso, prazer e alívio. E não essa busca insana de felicidade que só resulta em frustração.

Viver bem deveria ser o que cada um sente para si que esta vivendo bem e não o que se preceitua. Por exemplo; quer maior prazer que o primeiro cigarro após o café? Se pudéssemos ficar só nesse... Acho improvável que um cigarro ao dia possa causar câncer. Parece que tudo que é gostoso vicia e prejudica. Talvez tudo tenha que ser superado em nome da qualidade de vida.

Será que as outras pessoas entendem mais que eu sobre elas, os outros e a vida? Não o que esta escrito, mas o que se sente e vive. Tomara porque assim podem me ensinar. Como escrever é importante para mim! É quase dialogar. Estou melhor, a tristeza foi fazer outras moradas, já posso ir para a vida.

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LuizMendes

20/01/2010.

 

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