Corrida na montanha

por Paulo Moura

Em uma trail run, o objetivo não é chegar primeiro, mas curtir a paisagem e atingir o topo da montanha

Marcilei Lobato treina pesado desde o início do ano. Metade da semana, ele cuida do condicionamento físico em um circuito montado na areia da praia do Leblon; nos outros dias, percorre as trilhas da Floresta da Tijuca e do Corcovado. Aos 47 anos, Marcilei se prepara para sua primeira trail run no Rio de Janeiro, a APTR Ultra de Videiras, que deve reunir mais de 500 atletas em Petrópolis no dia 30 de abril. O paraense mora no Rio há um ano e meio e já correu em montanhas de outras partes país. Garante, porém, que nada supera os circuitos fluminenses. “Nenhum estado tem um relevo tão favorável e uma natureza tão exuberante para a prática de corrida em trilha”, afirma.

A APTR Ultra de Videiras é uma das cinco corridas organizadas pelo preparador físico Adevan Pereira no Rio de Janeiro este ano. Com outras quinze marcadas até dezembro, o crescimento no número de circuitos oficiais no estado, de 2015 para 2016, deve ser de 30%. Segundo Adevan, já há mais de 10 mil praticantes na região. “O grande atrativo é não apenas correr na natureza, mas curti-la”, diz. “É muito comum, mesmo em competições oficiais, o atleta parar para tirar uma foto de uma paisagem deslumbrante ou para se refrescar em uma cachoeira. Até porque o desafio em uma trail run não é chegar primeiro, mas sim atingir o topo da montanha.”

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A modalidade começou a crescer pra valer em 2010, com o aumento da segurança nos morros cariocas, o que facilitou o acesso às trilhas. O perfil dos praticantes é de homens e mulheres com idade entre 30 e 45 anos, mas cada vez mais jovens se entusiasmam com a ideia. “Normalmente, um circuito de corrida de montanha acaba envolvendo toda a família, justamente por conta dos deslocamentos para regiões mais afastadas”, comenta Adevan. “A maioria dos atletas se hospeda em algum hotel na região da prova e curte o final de semana todo por lá. Nisso, os filhos acabam se animando e se juntam aos pais em circuitos menores, que variam de 5 a 10km.”

Boa parte dos praticantes de trail run, na verdade, também corre em circuitos de rua e vê na modalidade um complemento. Além do contato com a natureza, há também uma colaboração em grupo. Segundo Marcilei, na corrida de rua pesa mais o 'cada um por si', ao contrário dos circuitos em trilhas, em que prevalece o convívio amistoso entre os praticantes e suas famílias que, inclusive, acabam criando um vínculo de amizade.

Para quem estiver de passagem pelo Rio, não faltam opções para suar a camisa no meio da natureza. Os mais bem condicionados podem se aventurar pela trilha do Corcovado, que é a mais íngreme, e depois seguir pelas Paineiras e pela Mesa do Imperador até desembocar no Jardim Botânico. O percurso tem cerca de 30 km e normalmente é percorrido em 4 horas. Já para quem ainda está dando os primeiros passos na modalidade, a dica é a trilha de 5 km do Penhasco Dois Irmãos, no Leblon.

Créditos

Foto destaque: Fabrine Reis

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