Contradições Comuns
Construímos uma pirâmide em que somos o ápice de tudo que existe em nosso planeta. Há, inclusive, religião predominante cuja teologia afirma que não há vida em outros planetas, somente no nosso. Nesse caso ampliamos as perspectivas: seríamos o suprasumo de tudo que existe no Universo.
Mas, ao contrário desse senso comum, não somos únicos em coisa alguma. Não foi encontrada nenhuma atividade que fosse exclusividade humana. Sempre há outro animal capaz, até certo nível, de realizar proezas que antes parecia exclusividade humana. Ferramentas, linguagem, arte e até simbologia são méritos que alguns primatas dividem conosco.
A Humanidade prossegue em busca de encontrar algo que lhe seja único, algo que nos defina como seres humanos. Não sei bem a importância disso. É como no caso dos nossos foguetes que exploram essa minúscula parte do Universo. Para que serve, de verdade?
Uma fortuna é gasta em tais pesquisas e atividades. E ainda há seres humanos passando fome; crianças abandonadas aos milhares; pessoas morrendo de doenças curáveis, mas sem recursos econômicos para curar; ainda estamos destruindo o planeta, desmatando e desertificando florestas; misérias e desgraças acontecendo todos os dias. Talvez esse dinheiro ajudasse bastante, pensaríamos linearmente.
Tais pesquisas e empreendimentos, a gente sabe, produzem tecnologia de ponta que podem nos ajudar a dar passos significativos agora e no futuro. Mas é acessório e não meta. Creio que tem mais a ver com estruturas de conhecimento além de nossa capacidade de entendimento. Talvez pesquisemos mundos e estrelas porque neles esteja nosso destino. Isso pode estar gravado em nossa alma, inscrito na leitura de nossos genes.
A busca de diferenciação dos outros animais, hoje nos parece ridícula diante tantas outras preocupações infinitamente mais importantes. Conhecer bem nosso planeta e então controlar o clima e a temperatura talvez nos pareça mais produtivo. Mas quem sabe ai esteja o híbrido de uma nova humanidade? Por exemplo, as pesquisas hoje demonstram que talvez a única coisa que nos diferencie dos demais animais é a nossa capacidade de auto-abstração. A capacidade de projetar uma imagem mental de nós mesmos. Isso já é ir além de si mesmo. Não acharam isso nos outros animais. Mas, até a pouco, era a linguagem que nos diferenciava e os cientistas provaram que há animais que possuem linguagem. Depois foi a autoconsciência que determinava a diferença, mas o Chimpanzé e até o elefante conseguem se reconhecer no espelho. Sabem de si.
Na minha opinião de leigo no assunto, talvez a capacidade de auto-crítica seja a que mais nos diferencia dos outros animais. Se eles agem por instintos e são rudimentares em inteligência e sentimento, me parece que não podem alcançar esse nível mais profundo de autoconsciência. Mesmo porque, nem em nós, seres humanos, essa capacidade esta bem delineada. Alguns a têm mais e outros a têm menos desenvolvida. Alguns, e não são poucos, ainda se colocam como o centro do mundo e não têem nenhuma. A capacidade de autocrítica é o nosso acelerador de partículas. Nos apóia para passos mais seguros em busca de melhor qualidade e eficiência existencial.
E, finalizando, as viagens inter espaciais já começaram com o ônibus espacial (que é produto de pesquisas e viagens espaciais), com certeza iremos muito mais longe.
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Luiz Mendes
13/01/2010.