Ecomotion, seis dias de corrida e aventura na Bahia
A Chapada Diamantina foi palco da segunda edição da Ecomotion, hoje a mais importante corrida de aventura do país. Durante seis dias, 41 equipes de quatro integrantes, com ao menos uma mulher, percorreram 460 quilômetros correndo, pedalando, montando, remando e utilizando todo o conhecimento de técnicas verticais e navegação.
A diferença entre a primeira colocada, a espanhola MeridianoRaid - que terminou a prova na quinta-feira com o tempo de 119 horas e 30 minutos - e a última foi de mais de dois dias.
Essa diferença pode ser medida também pelas equipes que dormem e aquelas que mal cochilam, pelas que desfrutam de uma refeição com os habitantes da região e aquelas que engolem sacos de amendoim e gel energéticos, pelas que têm tempo para admirar o visual e as que só vêem o mapa plotado, pelas que têm uma equipe de apoio forte e as que contam só com a sorte.
Os 164 competidores de 10 países tiveram que encarar cânions, rios, cachoeiras de até 400 metros, grutas, cavernas em 241 km de mountain bike, 4,5 km de ride&run - quando os quatro dividem um único cavalo -, 154 de trekking, 75 de canoagem e 45 metros de rapel.
Vinte equipes ficaram no caminho, desistiram ou foram desclassificadas. O trecho no Vale do Pati foi decisivo para o resultado geral. A trilha de 70 km costuma ser percorrida em dois dias pelos turistas. Na prova, as equipes a fizeram em uma média que variou entre 10 e 15 horas.
Mas, com a chegada da noite, muitas ficaram perdidas por ali, caso da Atenah Swatch, que liderava entre as equipes brasileiras e é famosa por ser formada por três garotas que a cada competição escolhem um homem para compor o time. Uma delas, Karina Bacha, fez a corrida com infecção urinária e só conseguiu terminar, num honroso sexto lugar, à base de muito analgésico e antiinflamatório.
Rosto cheio de espinhas, fisionomia cansada, Karina é um exemplo do que acontece com muitos competidores que, mesmo doentes, fazem de tudo para terminar a prova. O controle médico bem como o antidoping são assuntos ainda controversos no esporte, e terão que ser revistos num futuro breve.
A equipe espanhola manteve a liderança do início ao fim. Atrás deles chegou a paulistana Hertz Mamelucos, que até o quarto dia de prova nem se ouvia falar. No quinto dia, deu uma arrancada e ficou na cola dos espanhóis. Em terceiro chegou a equipe que conquistou a torcida, a Oskalunga Brasil Telecom, de Brasília. Equipe mais jovem do Ecomotion, sua integrante Bárbara Bonfim, 22, credita o bom desempenho ao local de treino, a Chapada dos Veadeiros (GO).
'A pior coisa que acontece nessas provas é quando a gente fica sabendo que a equipe que está a nossa frente dormiu', conta Bárbara. A privação do sono, um dos fatores decisivos em uma corrida como essa. Algumas fazem o maior segredo para confundir os rivais. E foi assim o tempo todo entre Oskalunga e a Mitsubishi QuasarLontra, que chegou logo em seguida na quarta colocação.
A última a terminar a prova foi a Endorfina. Mais descansados, porque dormiram várias vezes, completaram a prova com bem menos olheiras que as demais.
NOTAS
MUNDIAL DE KITESURF - FORTALEZA
O Oi Super Kite fechou o Circuito no domingo. O argentino Martin Vari venceu a prova e o Mundial; no feminino, Cindy Mosey, da Nova Zelândia, ficou com o título. Os melhores brasileiros foram Joseph Carneiro (9º) e Bruna Kajyia (7ª).
BRASILEIRO DE PÁRA-QUEDISMO - BOITUVA
Próximo da marca de 10 mil saltos, Marcus Ribeiro foi campeão em três modalidades, freefly, 4way e, com a namorada, Paola Pirani, freestyle. Gui Pádua e João Tambor venceram no skysurf.
ULTRAMAN - HAVAÍ
Com o tempo de 22:20:26, o brasileiro Alexandre Ribeiro, 38, foi o grande campeão do triatlo com 10 km de natação, 421 de ciclismo e 84 de corrida.