O Cérebro
Nosso cérebro não é mais encarado como um mero decodificador de estímulos exteriores. A ciência moderna vem descobrindo que o cérebro toma iniciativas. Trabalha o dia todo com simulações, compondo uma visão de sua realidade.
A neurociência moderna afirma que o cérebro não apenas processa inputs do ambiente em que esta ou imagina estar. Ele transforma sua própria estrutura em função de tais inputs.
Para os neurofisiologistas, nossas simulações cerebrais incorporam tudo o que queremos de verdade (amamos), como uma continuidade de nós (difícil nos livrar de roupas velhas, por exemplo). E, por conta disso, afirmam que somos capazes de assimilar uma máquina (prótese) qual fosse prolongamento de nosso corpo (é ai que entra a biocibernética). O automóvel hoje é quase uma extensão do corpo físico do homem moderno. Em nosso carro, dá para “sentir” se há algum problema de funcionamento ao ligar o motor. Meus dedos voam tão rápidos nas teclas que dá a impressão que o teclado é uma extensão deles. Tornamo-nos sensíveis à máquina.
Assim como os afastamentos. A morte de um ser querido é dolorosa e insuportável para nós. Jamais esquecemos tamanha dor, torna-se um trauma em nossa vida. O braço ou a perna que foi amputada, ainda dói sem mais existir. É perda irreparável, sacrifício irrevogável de parte de nós, literalmente. Todas as separações causam conflitos, verdadeiras tsunamis íntimas. Mesmo aquelas mais desejadas ou das menores coisas.
Na verdade o cérebro não é estático, é uma dinâmica contínua. O córtex, por exemplo, é uma área que não tem fronteiras, é contínuo e vive em constantes reinvenções e inteirações dinâmicas. O cérebro é um apropriador. Um pesquisador a comparar, imaginar e associar sem cessar. O interessante é que tudo isso acontece sem que a gente sequer perceba direito que esta acontecendo. Vivemos muito mais em nós do que nos damos conta.
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Luiz Mendes
11/07/2011.