O historiador Enrique Amayo Zevallos garante: já se surfava na costa da América do Sul milhares de anos antes das tábuas havaianas

Os caballitos de totora são barcos pesqueiros individuais usados há 3.500 anos no Peru. A existência arqueológica dessa prancha rústica é conhecida, e elas continuam a ser usadas em alguns lugares do país, mas os principais registros mostravam apenas sua função de pesca. O que não tira a questão: ninguém nesses milhares de anos, entrando no mar em busca de peixes, dropou uma onda? O historiador peruano Enrique Amayo Zevallos garante que sim.

“Meu filho, que é surfista, me contou que em Huanchaco diziam que a origem do surf é no Peru”, diz Enrique, professor aposentado da Unesp, em São Paulo. “Isso que me levou a pesquisar.” Depois de sete anos, ele concluiu que uma variação dos caballitos já era usada como forma de diversão muito antes das tábuas havaianas, existindo até competições – na corrida do homem-deus-pássaro, ganhava quem trouxesse na mão, de uma ilha, o maior ovo.

É isso que ele conta no recém-lançado Mar y olas (apenas em espanhol; Enrique está em busca de um editor no Brasil). “Encontrei em cerâmicas de mais de 1.300 anos um objeto diferente, absolutamente aerodinâmico”, diz, sobre algumas pequenas esculturas que mostram caballitos sem, por exemplo, espaço para guardar peixes. “Não era para pescar: era exclusivamente destinado ao esporte e para se divertir.”

[Na foto acima, as surfistas Sally Fitzgibbons, Sofia Mulanovich e Nadja de Col experimentam o caballito em Lima; abaixo, um local pegando uma marola.]

Créditos

Imagem principal: Agustin Munoz/Red Bull Content Pool

fechar