por Luiz Alberto Mendes

Bom dia! Estou tranquilo hoje. Ontem entreguei dois livros ao meu editor da Cia das Letras. Fui muito bem recebido, como só podia acontecer. Luiz Schwarcs (o nome difícil de escrever! Só tem uma vogal...) é um gentleman. Meu primeiro livro esta sendo reeditado como poket, livro de bolso. Um preço mais acessível e maior exposição. Senti que há espaço para editar meus outros livros. Estou com mais 5 escritos (carecendo de trabalho, suor e quebrar muito a cabeça ainda) e um outro (“Retratos”–título provisório-) pela metade. Para um escritor, publicar o que se escreveu é quase uma doença cuja única cura é ver publicado. Sara na hora. Dá um estremecimento interior ao pegar a obra pronta nas mãos...

Outro dia, estava no metrô lotado, em pé, observando pessoas lendo, sentadas. Tenho uma inveja, queria tanto ler nas múltiplas conduções que sou obrigado a tomar... (não sei dirigir). Porque se eu ler em qualquer veículo em movimento, minha cabeça roda e dá ânsia de vômito na hora. Passo mal. Desde menino sempre foi assim. Contento-me em observar os títulos e o nome dos escritores que as pessoas estão lendo. Como li a vida toda, tenho sempre uma idéia do que os outros estão lendo. De alguma forma participo do prazer que as pessoas demonstram (é preciso muita concentração para entender um texto com todo aquele barulho e incômodo) lendo. Outro dia, qual não foi minha surpresa ao ver uma garota lendo meu primeiro livro “Memórias de um Sobrevivente”. Fiquei observando-a absolutamente fascinado, tentando saber em que altura do livro ela estava e o que estava sentindo em relação ao que lia. Perdi a respiração e a estação em que desceria. Cinco estações depois, a moça levantou e saiu. Segui até a catraca, meio que sem saber por que, atarantado. Voltei feliz da vida, que prazer imenso ver alguém lendo o que escrevi... Havia ganho o dia.

      

Vamos aos pensamentos do dia:

 

MORAL

 

A base da moralidade humana esta eivada de valores reativos e negativos. Equívocos que carecem ser superados urgentemente para que possamos passar mais folgadamente. É só avaliar algumas idéias ditas como “verdades” morais e religiosas para percebermos quão falsa e ignóbil é a noção humana de verdade.

 

                             ******

 

CORRUPÇÃO  E  CONFIANÇA

 

Em países sérios, culturas mais antigas, o roubo de dinheiro público é apenado com maior gravidade que o roubo de um bem particular. Porque? Por que, em geral, o bem público esta na confiança de que o rouba. Dinheiro particular sempre será defendido pelo dono. O crime é agravado pelo dolo maior: a traição da confiança depositada. Uma sociedade funciona tendo por base a confiança. Confiamos que o patrão nos pagará ao fim do mês de trabalho. Ele, por sua vez, mediante acordo, confia que produzamos o trabalho para o qual nos paga. Confia nos vendedores, fornecedores, compradores, juros programáveis de financiamento de capital e um monte de confianças da prática sócio econômica da coexistência. A corrupção é o vírus, o gérmen que dissolve confianças, responsável pela queda de todos os grandes impérios dos quais a história nos conta. Só em países subdesenvolvidos e atrasados como o nosso, o roubo do bem público quase nem é conotado como roubo de fato. É “apropriação indébita”, geralmente o sujeito perde apenas o emprego, quando não é transferido para outros setores. Situações constrangedoras como essa do Presidente do Senado (que devia ser o sujeito mais ilibado da nação, por isso eleito para presidir a Casa em que se faz as Leis que governam a nação), jamais poderia existir em um país sério.

 

Luiz Mendes

06/08/2009.

fechar