Bambis, gaivotas e outras bichas

por Augusto Olivani
Trip #233

Macho é quem faz parte de uma minoria e encara um ambiente de intolerância pelo time

Várias torcidas organizadas usam o lema “contra tudo e contra todos”, mas fica fácil bancar o valentão quando se está em maioria. Agora, macho mesmo é quem faz parte de uma minoria e encara um ambiente de intolerância para demonstrar sua paixão pelo time, como fizeram alguns torcedores do Grêmio no fim dos anos 70 ao fundarem a Coligay, provavelmente a primeira organizada homossexual do Brasil (foto à dir.). Essa história é contada no livro Coligay – Tricolor e de todas as cores (ed. Libretos, 192 págs., R$ 35), escrito pelo jornalista Léo Gerchmann.

“Eles foram muito corajosos porque surgiram em uma época de repressão. Era uma torcida que nunca se envolvia em confusão e sempre apoiava o time”, diz o autor. De fato, em 1977 o Brasil ainda tinha Delegacia de Costumes e o Grêmio não ganhava um título havia cinco anos, mas os integrantes da Coligay ficaram conhecidos por fazerem mais barulho que as outras torcidas e por serem pés-quentes: no mesmo ano de sua fundação, o time ganhou o Campeonato Gaúcho. No mesmo ano, o então presidente do Corinthians, o lendário Vicente Matheus, importou a Coligay de Porto Alegre para que assistisse ao jogo final do Campeonato Paulista, contra a Ponte Preta – o que encerrou o histórico jejum de 23 anos.

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