Percebi que minha afilhada, Gaïa, deixou de ser um bebê e virou uma menina. Fico imaginando como será o mundo quando ela se tornar adulta
Não é difícil estar aqui todo mês para deixar uma lembrança bonita ou contar uma história engraçada que aconteceu numa tarde num outro canto do mundo. Gosto de falar da minha casa, das minhas mulheres, das aventuras e das frutas que colhi na rua. Mas me disseram que esta edição não é para falar apenas do passado, mas também de algo que está por vir. Daí falo sobre uma mulher que está para ser, cujo futuro está em aberto. O luxo que a escrita nos dá, e que a fotografia não permite, é poder sonhar com o que ainda não existe.
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Recentemente percebi que a minha afilhada deixou de ser um bebê e virou uma menina. Como de praxe, ela cresceu de repente, quando menos se esperava. Já falei dela aqui, ela é um dos meus assuntos favoritos. Os pais dela são meus amores, andam sempre pelados e são muito fotogênicos. O nome dessa menina é Gaïa, ela tem cachos loiros, fala uma mistura de francês e português e gosta de comer sardinhas e alcaparras. É tipo a mulher dos sonhos do futuro.
Imagino que isso deva ser automático para muita gente, pensar no futuro de uma criança e do mundo em que ela vai viver quando adulta. Imagino que vou fotografá-la para o resto da vida, que ela vai passar as férias dela comigo quando for adolescente. Espero que ela me ligue quando estiver com o coração ferido, quero comer pizza com ela depois da escola e, quando ela for ter os próprios filhos, quero que me ligue para eu fotografar o parto. Quero que ela se sinta à vontade na própria pele, que saiba da força do sorriso dela, que ela possui um corpo para ser festejado, que todo dia é para comemorar e que toda mulher é uma festa.
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Quero que ela apareça de vez em quando nestas páginas onde me sinto acolhida todo mês, onde conto as minhas histórias e sonho com o futuro incerto de uma menina graciosa que está aqui, esticando a mão para ser guiada.
Créditos
Imagem principal: Autumn Sonnichsen