Muitas Guerras a Viver
Nesse nosso mundo ainda temos muitas guerras para viver. Essas exteriores, invasivas como a do Vietnã, Iraque e Paquistão. Outras interiores, dentro de nós mesmos, contra nossos péssimos hábitos, fraquezas, limites e estupidez. Nossas acomodações, passividades e falta de disposição para enfrentar o que não concordamos. Ao contrário do que se pensa, essas guerras são as mais violentas a serem travadas.
E tem aquelas guerras sociais. Aquelas cuja arma principal é o conjunto. A vontade de todos, ou da maioria. Essas mesmas cujo terreno de lutas esta nas idéias, mas que também passa pelos protestos nas ruas. A razão e o equilíbrio são suas buscas mais extremadas e o convencimento sua arma mais poderosa. Porque, de verdade, nossas vidas têm sido violadas o tempo todo. Nossa liberdade tem sido usurpada a todo instante.
Nós encaramos o marketing na mídia toda; na TV, na internet, nos postes, nos telhados, nas roupas que vestimos, em tudo. O mundo esta virando um imenso outdoor. E nós, banners ambulantes das griffes. E ainda tem as entrelinhas e até a propaganda subliminar. Não sabemos por que, mas às vezes, temos vontade de comprar coisas que não temos a mínima necessidade.
A mídia esta nos colocados à mercê do mercado. O mercado quer saber o que fazemos, o que possuímos, nossos investimentos, quanto temos na poupança e no disponível. Hoje não se pede mais o Registro Geral, RG, para se identificar alguém. Pede-se o Cadastro de Pessoas Físicas, famoso CPF. Porque não importa mais identificar quem somos. Importa saber sobre de nossos rendimentos porque para o mercado valemos o que possuímos.
Fundamentou-se o dever de produzir e consumir. Sou cidadão, portanto produtor e consumidor, como uma vaca que come capim e dá leite e carne. Estou na linha de produção ou no hipermercado. Parece que o mercado (esse “ser” incorpóreo...) tem uma radiografia de cada um de nós. Pelos nossos gastos descobrem tudo o que precisam saber sobre nós. E assim nos fazem gostar do querem que gostemos. O interesse ai é escoar a produção, nosso gosto é o que menos importa.
Nesse mundo ainda temos muitas guerras para viver...
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Luiz Mendes
O6/12/2011.