A catarinense de 20 anos visita a amiga gaúcha e faz seu primeiro ensaio nu
Ana Carolina Prado, catarinense de 20 anos, sonha em criar lingeries para que outras garotas possam se sentir bonitas com pouca roupa. Numa tarde de verão, foi à casa da amiga Gabi servir de modelo em um dos primeiros ensaios sensuais da fotógrafa gaúcha.
Era entre duas e três da madrugada, e eu, insone, assistia a um documentário sobre o fotógrafo Richard Kern. Achei o cara um mala. Mas, por alguma razão, quis praticar o que ele faz de melhor: tirar foto de mulher pelada. Por que não? Sempre achei que os homens enquadram, no visor da câmera fotográfica, o sexo explícito, sem notar as pequenas e brilhantes sutilezas femininas. Ainda sem dormir, ao nascer do sol, comecei a ir atrás de meninas que topassem tirar a roupa para mim, bem na boa, sem pressões nem pretensões.
Entre várias das que compraram a minha ideia, entre grandes amigas e recém-conhecidas, fiz vários sets. Uns tranquilos e naturais, outros mais tímidos, quase conservadores. Todos fotografados à minha maneira, usando gente comum, e não mulheres de plástico. Prefiro apostar em ângulos cotidianos e sensuais, sem a obrigação de excitar ninguém. Como mulher, quero ver mulheres de verdade, e não inatingíveis. Quero ver pessoas parecidas comigo e com as minhas amigas – até porque somos bem atraentes também... E, em alguns casos (na maioria, na minha opinião), acho até que somos mais bonitas do que essas que se transformam completamente, se tornando algo que não são.
As fotos destas páginas são de uma dessas sessões poucos dias depois, sem muita produção, maquiadores ou iluminador. Sem ninguém mais além de mim e minha amiga Ana. Ana é Ana Carolina Prado, tem 20 anos e nasceu em Santa Catarina. Atualmente mora em Canoas, aqui na Grande Porto Alegre, um pouco longe de mim. Por escolha própria, veio posar aqui em casa. Começamos a discutir sobre as fotos na poltrona e no sofá da sala. Dali não saímos. Já conhecia Ana, saímos juntas algumas vezes. Ela tem um ar inocente e um sorrisinho quase infantil, meio moleca. É dona de uma mente aberta, cheia de atitude e opinião. E além disso, claro, ela é também esse mulherão que você está vendo.
Começamos depois de uma conversa sobre viagens, o passado, os homens da vida e os planos para o futuro. E também depois de escolhida a trilha sonora ideal – B.B. King, ela adora um blues. Primeiro, fiz um retrato. Depois, outro e mais outro. Até que ela despiu-se como se estivesse sozinha e, com a maior naturalidade, o ensaio foi saindo assim, sincero, a partir da troca entre duas garotas seguras de si.
Ana gosta da câmera – e eu também gosto da Ana, porque ela é fácil de lidar, fica brincando de assumir personagens, de fazer caras... até choramos de rir juntas enquanto os vizinhos nos espiavam pela janela dos prédios ao lado. Durante aquelas horas ela foi minha melhor amiga, a confidente mais íntima. E quanto mais soube da vida dela, mais a achei linda.
Ana morou por um ano com o namorado na Irlanda, é apaixonada pela história da Escócia. Preza pela família, gosta dos animais e combina corpo de mulher com um olhar singelo e límpido. A beleza da Ana não está na sua nudez, mas na segurança de ela ser e aceitar quem realmente é.
Corpo é corpo e todos são bonitos, cada um do seu jeito. Ana concorda comigo. Tanto que quando perguntei a ela “o que quer ser quando crescer?”, ela me disse, sem meias palavras: “Quero ser designer de roupa íntima, para customizar lingeries e fazer com que mulheres de todos os tipos se vejam atraentes diante do espelho vestindo pouca roupa”.