As pessoas lutam contra pessoas quais fossem elas seus limites. Vivem tentando escapar aos outros em busca de preservar seus sentimentos, haveres e tesouros.
Como se, em aceitando alguém em sua intimidade, estivesse abrindo brecha em sua segurança e conforto pessoal.
Qual sentir emoção por alguém significasse dor, intenso sofrimento e perder-se de si.
Esquecidos estão que estar no mundo é estar com o outro e que isso é parte essencial da condição humana.
É junto com o outro que criamos nossa identidade e junto dele ainda que passamos a vida nos redefinindo.
A "salvação" não vem do alto e aqui embaixo a areia é movediça, só nos resta os que estão a nosso lado, na mesma condição.
O outro é sempre alguém que tem algo de muito importante a nos oferecer ou ensinar.
Às vezes é somente paciência, tolerância, ou compreensão, que em si são algumas das principais constituições humanas.
Nem percebemos, nos exasperamos e quase sempre rejeitamos veementemente.
Viver não é tudo e o que pode haver em mim de mais íntimo e profundo, é o amor daqueles que me amam.
É meu tesouro.
Talvez seja a única luta que vale a pena enfrentar. Amar e ser amado é quase tudo.
O sentido e a causa maior de nossa existência.
Creio que existem apenas duas formas de viver: amando ou buscando a quem amar.
O outro é aquele que me chama para além de meus limites individuais e alarga minhas fronteiras.
Alguém capaz de fazer brotar em mim as sementes da alegria e a felicidade de amar.
A capacidade de amar não é uma conquista solitária que fazemos para nós e para os nossos.
Antes é a aventura coletiva da humanidade no Universo.
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Luiz Mendes
28/01/2015.