Auto-conhecimento II
Parece que Nietzsche (Freud afirmava que ele foi o homem que mais corajosamente penetrou no conhecimento de si mesmo) estava certo quando afirmava que não há nada que seja mais ignorante que o homem acerca dele mesmo. De verdade não sabemos até que ponto vai a nossa ignorância acerca de nós mesmos. E essa é uma das grandes dificuldades de todos nós. É difícil nos reconhecer quando nos ouvimos, nos vemos gravados ou fotografados. Precisamos nos "acostumar" para nos reconhecer. Uma cacofonia de pensamentos silenciosos submergem a mente da gente... Somos estranhos a nós mesmos, não nos compreendemos e estamos condenados a nos entender muito mal.
Perguntas básicas, como por exemplo: quem somos nós; o que realmente sentimos; desejamos ou acreditamos, são escorregadias, esquivas e avessas a um encaminhamento lógico. Parece que há algum código secreto (dai o sucesso de livros sobre "códigos") que nos torna imunes a qualquer busca objetiva sobre nós mesmos. Mais fácil é nos enganar. Pensar que somos assim ou assado, sentimos isso ou aquilo e acreditamos naquilo ou naquele outro.
Acho que a solução mais correta seja nunca confirmar ou ter como certo nada sobre nós. Ainda somos uma caixinha de surpresas. Creio que assim chegaremos mais perto de nos conhecer. Estaremos sempre instáveis, seja em que posição estivermos acerca de nós mesmos. É mais fácil olhar e sentir de diversos modos, qual fôssemos muitos, vários ou até infinitos. Parece até voluptuoso, grande demais, mas creio que somos todos nossos possíveis a cada instante ou oportunidade. As conclusões que temos acerca de nós mesmos passam por caminhos de formação que não conhecemos e não sabemos até que ponto desconhecemos.
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Luiz Mendes
02/04/2013.