Espinhos da Democracia
Ontem tomaram posse deputados federais, senadores, presidentes da Câmara e do Senado.
Faz lembrar, com imensa tristeza, no que foi dar o grande legado do povo grego; a Democracia. O destino da “polis” passava a ser responsabilidade de todos os cidadãos. Foi o primeiro povo a não ter outro senhor que não suas próprias Leis. Leis impessoais, obra coletiva decidida por todos reunidos em assembléia pública. Os mais aptos seriam os aplicadores da Lei, eleitos por aclamação na praça central de Atenas.
Na República de Platão, havia seleção e estudo de desempenho dos cidadãos. Os testes revelavam guerreiros; comerciantes; outras categorias, inclusive os filósofos. Nenhuma para religião ou poesia (Platão os banira por inúteis). Somente os filósofos, os mais aptos intelectualmente, seriam governantes, legisladores ou estadistas.
Hoje tomou posse um grande jogador de bola; um lutador de boxe que chegou a ter algum destaque; um cara legal que participou do Big Brother Brasil; e um palhaço sem enredo e absolutamente sem graça. A fama ou a mídia alcançada em outros setores os promoveu a serem eleitos como nossos legisladores.
Para escancarar de vez, Sarney, é colocado como Presidente do Senado no-va-men-te! Pode-se até dizer que o país não vai para frente pelos “políticos” que elegemos e os que eles elegem para presidi-los. Mas eu não votei nessa gente. Não tenho nada a ver com isso. Votei em outras pessoas. Aqueles que julguei mais comprometidos com a cidadania. Mas enfim, é a vontade da maioria. Uma maioria enganada. Mas ainda assim uma maioria que é preciso respeitar.
Já me propuseram concorrer a uma vereança. Estou quites com a justiça à sete anos e com a sociedade há dois anos, segundo a mesma lei que me manteve preso mais de 30 anos. Não aceitei sequer conversar acerca do assunto. Não me acho apto para tão alto encargo. É muita responsabilidade para um bobalhão como eu. A única coisa que sei fazer bem é escrever, e assim mesmo nem todos concordam com isso.
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Luiz Mendes
02/02/2011.