por Alê Youssef

A política tem que se livrar dos vícios do passado alheia ao fla-flu de governo e oposição

Abaixo, íntegra da minha coluna publicada nessa edição da TRIP:

 

 

O Congresso Nacional e seus escândalos infinitos nos fazem pensar que a política está morrendo ou pelo menos que acabou o interesse político de pessoas legais que poderiam ser diferentes e mudar o atual quadro. Mas será que é assim mesmo?

 

Nos últimos meses tratamos neste espaço de ações que poderiam reverter essa situação. A busca por outra política, que leve em conta a transparência, a simplicidade e a cabeça aberta para o novo, gerou no nosso restrito universo um debate interessante e provocou diversas opiniões que chegaram por e-mail, Facebook, Twitter e blog.

Trata-se de uma consciência escondida, do início da formação do que já chamamos aqui de novos revolucionários – gente que atua em suas atividades, transforma realidades, acumula experiências e não se contenta em simplesmente aceitar a morte do interesse político. E a base desse interesse renovado é uma outra percepção de vida em sociedade, do papel do poder público, das relações institucionais. É a adaptação da política a uma nova ordem mundial, distante dos vícios e traumas do passado, longe de rótulos filosóficos e doutrinários, alheia ao Fla-Flu de governo e oposição. Queremos o novo, o Estado eficiente e a política pública bem-feita.

Obama X Bush

A eleição de Barack Obama demonstrou que é possível transformar realidades trazendo para o debate político valores que parecem ser ignorados pela maioria dos representantes. Muitos atribuem seu sucesso à contraposição de sua figura ao demônio Bush, mas não foi só isso: ele usou a transparência das novas tecnologias para divulgar suas ideias e arrecadar dinheiro de forma clara, implantou a simplicidade como lema para desbancar as liturgias e aproximar sua mensagem das pessoas e demonstrou ter cabeça aberta para o novo.

Acredito ser verdadeiramente possível agregar conteúdo juntando as ideias e ações que pipocam por aí e usar os artifícios da vida moderna para fazer a diferença na política. E, mesmo se precisarmos também de demônios para serem confrontados, sabemos tristemente que não teremos dificuldade em encontrar.

No Brasil, o primeiro passo deve ser dado para curar o verdadeiro câncer que se instalou justamente no Congresso Nacional, causa de todos os nossos problemas. Precisamos chacoalhar, transgredir a ordem e virar a mesa para evitar que deputados e senadores sem o menor compromisso com o novo continuem destruindo a política.

Quando se propõem ações concretas e se abre espaço para o debate de forma consistente, procurando conteúdo diferente e inovador e juntando gente jovem e bacana, o resultado mostra-se positivo, e isso é motivo de esperança. A modernidade nos dá novas ferramentas de comunicação, de construção de redes de ideias colaborativas e de capacidade de relacionamento para combater os velhos coroneis.

A política não está morrendo, nem o interesse nela, acabando. Estamos vivenciando a troca de gerações em que o velho sai para dar lugar ao novo. Cabe a esta geração, detentora das novas linguagens e de muitas ideias a serem postas em práticas, assumir essa responsabilidade e entrar logo no jogo.

fechar