A desumana necessidade da Morte
A existência humana configura-se em enorme desordem. A vida, aqui de nosso observatório existencial, nos parece injusta, presa, precária, incompleta e cheia de tormentos. Mas será que tentar dar alguma ordem a isso e ainda buscar ser livre exija a desumana necessidade de morrer? As vezes me deixo levar pelo sonho de trocar todo o cansaço da vida, derrotas e frustrações, pelo fim. Depois me pergunto se o fim seria o que; um descanso? Não sei porque, mas me vem a impressão de que vai ficar pior ainda.
Esse conhecimento antecipado de que vamos morrer é sujeito a muitas especulações. Uma delas é de que Deus prometeu a morte para Adão e Eva, caso comessem o fruto da árvore do conhecimento. Foi por essa brecha que a serpente se infiltrou na alegoria. Ela afirmou que se eles comecem a tal "maça", não morreriam, contrariando a palavra de Deus. Eles acreditaram. Porque não acreditar em uma serpente que pensa e fala? Há tantos seres humanos que falam e pensam como uma cobra... E não morreram de fato. Mas dali para a frente o homem teria consciência de que mais cedo ou mais tarde, ele se findaria na morte.
Sabemos pouco e o quase nada que entendemos tem importância inestimável para nós. São nossas ferramentas, nossas armas de sobrevivência. A vida é generosa mas não há exceções. O imenso desafio que é viver, nos reproduzir e manter a prole com sucesso, exige toda astúcia humana. Há algo de sorte e selva também.
Caso encaremos a nudez seja um protesto às roupas; tenho a impressão de que a luta pela liberdade deva ser enfrentada como uma rebelião, nossa resposta à morte.
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Luiz Mendes
10/03/2013.