Está a espera da ondulação perfeita? Se liga em como é feito o monitoramento dos swells
Como decidir se vale pena pegar a prancha e passar o fim-de-semana no litoral? Existem diversos serviços de previsão de ondas na internet, mas nem sempre o anunciado é o que se encontra na praia. Para realmente saber se o drop será garantido, é preciso mais do que prever, é necessário monitorar o oceano. É isso que faz o Liquid Dreams, serviço na internet criado por José Luis Romeo, um ex-admistrador de empresas que largou “um bom emprego” para se dedicar exclusivamente ao seu site.
Gratuito, o Liquid Dreams dá a previsão do tempo e o tamanho das ondas que chegam à costa paulista em boletins semanais enviados por e-mail. Você pode conferir aqui no site da Trip os boletins toda semana. Usando "conhecimentos científicos" e relatos de amigos surfistas e praianos, Romeo conta que consegue prever a chegada de grandes swells bem antes de as ondas baterem na areia: “Hoje, dependendo do cenário no Atlântico, conseguimos prever uma ondulação com até dez dias de antecedência. Isso é feito com base em estudo, em entender a essência da formação de um swell”.
Para chegar em tal nível de detalhes, o segredo é aliar os dados acumulados ao longo de dez anos de observações com o feeling de quem surfa. Os amigos surfistas e que moram na praia também são fonte para montar seus boletins: “Usamos bastante o feedback dos leitores e amigos. Eles mandam seus relatos para contar como estavam as praias”, conta Romeo.
A diferença do Liquid Dreams para outros serviços de previsão de ondas, segundo Romeo, é que “nenhum site diz se vai ter um ou dois metros de onda”. “Na prática, poucas pessoas conseguem interpretar esses dados disponíveis e transformar para um tamanho real na praia” , afirma o forecaster (em português, algo como "previsor"). Prova disso é que o Red Nose Tow In, competição de ondas grandes que acontece em Maresias (SP) tem parceria com o site para escolher sua data desde sua primeira edição, no ano passado, uma tarefa delicada.
A hora do swell
O Brasil não recebe grandes swells com frequência e os que chegam duram pouco tempo. Por isso, a data do Red Nose Tow In tem de ser definida quando uma ondulação adequada se aproxima da costa, o que acontece durante o inverno. André Bianchi, organizador do evento, descreve a correria que se instala quando o swell chega: “Quando você vê que tem um furacão grande vindo, diz: 'Fudeu, agora vai encostar!'. Aí eu começo a entrar em contato com os atletas e aviso que estou de olho em um swell, eles já reservam passagem. Quando dou o sinal, já tenho o evento todo pronto, comunicação visual, troféu, palanque. Fica tudo guardado na minha casa na praia e eu vou monitorando”. Qualquer imprecisão poderia colocar em risco a competição: "Era bem arriscado chamar a data porque a gente estava sem um swell de grande porte há algum tempo. A gente queria ter o vento certo, o terral e o sol. Dessa vez, conseguimos acertar tudo", diz Romeo.
E em 2009 o swell não decepcionou. Em 1º de outubro, ondas de até 15 pés embalaram o drop das 20 duplas que estavam em Maresias. Big riders de peso como Carlos Burle, Garrett McNamara, Luis Roberto Formiga , Trekinho, Keali’i Mamala se impressionaram com o tamanho e a formação das ondas. Os campões foram Wilson Nora e Paulo Moura. “Foi épico. O terral bateu o dia inteiro e deixou as ondas lisinhas”, orgulha-se Bianchi.
Vai lá: www.ldsurf.com.br