Futuros
Como pular, saltar de mim
E ser, para sempre, outra pessoa?
Às vezes temo que ninguém
Possa mais me acolher e que eu mesmo
Tenha que me acolher em mim.
Vivendo da vida somente o que irrompe
Incompreensível e sem sentido
Porque vejo tudo oscilar
Sobre o precipício do cotidiano.
Mas, além do acaso e circunstâncias
Continuo a construir, impassível
Sabendo que não é nada demais
Que é só a vida a fluir líquida,
Diária e infatigável.
Entretanto, para me manter operante
Tenho que me encher de confiança
De que não terei que ter apenas
Um pouco mais de esperança.
Por isso tateio enquanto titubeio
A buscar no presente
Algum sentido para o futuro.
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Luiz Mendes
26/05/2014.