26 anos de praia: Transformação pessoal

por Redação
Trip #217

De volta pra casa: histórias de gente cuja ligação com a praia foi alterada bruscamente

Cinco histórias de gente cuja ligação com a praia foi alterada de forma brusca. E que mostram a força de quem está perto do mar

Otaviano Bueno, o Taiu (Trip #39 - 1994)

A pior vaca: Em novembro de 1991, um dos principais nomes do surf brasileiro na época levou um caldo na praia de Paúba e saiu do mar tetraplégico.

“Na verdade eu só estou sentado ali, né? Mas fiquei pensando: a ideia não é ser surfista de alma? Ser soul surfer? Eu sou um. Os caras estão levando minha alma pra surfar. Eu estou vivo, então vamo aí”

A volta pro mar: Presença constante nas páginas da revista desde que foi Páginas Negras na edição 39, em 2010 a Trip teve o prazer de acompanhar a volta de Taiu pro mar para surfar numa prancha adaptada.

Edilson Luís Assunção, o Alemão de Maresias (Trip #57 - 1997)

A pior vaca: Em dezembro de 1996, a caminho de uma surf trip, Alemão foi preso pela Interpol por porte de cocaína no aeroporto Simón Bolivar, em Guayaquil, no Equador.

A volta pro mar: Depois de se garantir na prisão equatoriana fazendo pizza ao longo dos quatro anos que ficou encarcerado, como a Trip contou na edição 57, Alemão retomou sua carreira de surfista e atualmente é um dos principais big riders do país.

Roberto Carlos de Almeida Braga II, o Dudu (Trip #114 - 2003)

A pior vaca: Mesmo tendo nascido cego do olho direito, vítima de glaucoma, e com 10 graus de miopia no esquerdo, Dudu sempre surfou. Até que em setembro de 1992, voltando de Maresias (SP), percebeu que estava cego em definitivo.

“Foi maravilhoso, bicho! Surfar sem enxergar é que nem gozar. Foi a melhor onda da minha vida”

A volta pro mar: Doze anos depois, a convite da Trip 114, Dudu surfou novamente, mesmo que às escuras.

João Manuel Borges, o Zé das Cabras (Trip #71 - 1999)

O caso de Zé das Cabras é diferente. Ele fez o caminho inverso. Fugiu para uma ilha perdida no meio do litoral catarinense, justamente para não ter que conviver em sociedade. A pior vaca dele não aconteceu no mar, mas em casa. E ele resolveu dizer um basta ao “mundo civilizado” e sumir do mapa. Escolheu o oceano como fuga

A pior vaca: Depois que sua esposa faleceu, em 1962, João Manuel resolveu virar o Zé das Cabras. Foi com suas três filhas mais velhas para uma ilha inexplorada que fica a uma hora e meia de barco do sul de Florianópolis. Aos poucos as filhas foram indo embora e Zé passou boa parte dos 36 anos que morou na ilha do Coral na paz da solidão.

A volta pra terra: A história da volta de Zé das Cabras pro continente não tem um final feliz, como o retorno de nossos outros personagens para o mar. Na Trip 71, a reportagem foi acompanhar seu regresso, e Zé já sabia o que o esperava: “Sei que na terra não vou acostumar, mas daí morro logo”. Zé estava certo, e morreu meses depois.

Paulo Eduardo Aagaard, o Pauê (Trip #124 - 2004)

A pior vaca: Em junho de 2000, Pauê foi atropelado por uma locomotiva e perdeu as duas pernas.

A volta pro mar: A edição 124 mostrou a volta por cima de Pauê. Dois anos após o acidente ele já era campeão mundial de triatlo para deficientes e único surfista do planeta amputado das duas pernas.

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