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Humor, sanduíches e arquitetura por Isay Weinfeld

por Redação

Crítico, arquiteto bateu um papo sobre arte, empreendedorismo, sociedade e seu incômodo com falta de preocupação cultural no mercado

"Nunca achei que o arquiteto devia ser só que arquiteto. Meu mundo sempre foi vasto, meus interesses são amplos e tenho muita sede de aprender", diz Isay Weinfeld. "Eu odeio me repetir. É um transtorno, porque exige mais esforço, tempo e investimento para renovar o repertório a cada obra".

Arquiteto de formação, mas inquieto por natureza, Isay sempre transitou entre diferentes formas de expressão, dirigindo filmes, montando exposições e criando cenários teatrais. Essa sensibilidade artística se traduz em seu trabalho na arquitetura, onde cada espaço conta uma história. "Na realidade, é tudo a mesma coisa", afirma. "A única coisa que eu sei fazer é pegar dois ou três objetos diferentes e arranjá-los de uma certa forma".

Crítico e perspicaz, o arquiteto bateu um papo com Paulo Lima sobre arte, empreendedorismo, sociedade e seu incômodo com a falta de preocupação estética e cultural que existe no mercado. "Boa parte das incorporadoras está preocupada em ganhar seu rico dinheirinho e nada mais. Acho um absurdo que não tenham vontade e desejo de deixar algo de qualidade para as próximas gerações", diz.

O programa completo você confere aqui, no site da Trip, e no Spotify. 

Seu campo de atuação é bastante amplo. Como você descreveria sua relação com a arquitetura?

Isay Weinfeld. Meu mundo sempre foi vasto, meus interesses são muito amplos e eu tenho muita sede de aprender. E eu nunca achei que o arquiteto devia ser só arquiteto. Eu odeio me repetir. Então, é um transtorno em termos de gestão, porque você gasta muito mais, perde muito mais tempo tentando renovar o seu repertório em cada uma das obras.

Além da arquitetura, você se dedica a áreas como cinema, artes plásticas e literatura. Como essas diferentes expressões artísticas se conectam no seu trabalho? Eu sou apaixonado por objeto. Realmente, eu tenho paixão. Pra te falar a verdade, se você olhar, eu faço cinema, faço arquitetura, artes plásticas, literatura... Parece que eu sou muito talentoso, o que é uma mentira terrível. Na realidade, é tudo a mesma coisa. A única coisa que eu sei fazer é pegar dois ou três objetos diferentes e arranjá-los de uma certa forma.

Qual é sua visão sobre a influência da elite econômica na arquitetura e no desenvolvimento urbano? As pessoas, essa elite, quando têm dinheiro e educação, é uma coisa. Quando só têm dinheiro, é outra coisa. Para simplificar, né? Então, aí os desejos são outros. Copiam coisas de lugares que não têm nada a ver com o nosso país. As incorporadoras também, e boa parte delas está muito preocupada em ganhar o seu rico dinheirinho e nada mais. Acho um absurdo que eles não tenham vontade e desejo de deixar alguma coisa de qualidade para outra geração, para os próprios filhos e netos.

Acha que o mundo ainda tem jeito? Como tem reagido a esses absurdos de Donald Trump, por exemplo? Eu te falo sinceramente: chegar com ideias opostas, mirabolantes, isso não me assusta. Pode ter coisa boa, pode ter coisa ruim, mas eu fico muito mal impressionado com a falta de educação e de respeito dessas pessoas com o próximo em todos os sentidos. Então, isso me choca mais do que as ideias. Apesar de não concordar com nenhuma, as pessoas têm o direito de se expressar.

Créditos

Imagem principal: Alexandre Charro / Divulgação

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