Entre a Escandinávia e o Nordeste

por Leticia Pugliesi

A recifense Bel Andrade ilustrou as colunas da nova edição da Tpm com referências que vão muito além de sua cidade natal

A designer Bel Andrade de Lima, 33 anos, nunca teve pretensão de trabalhar com ilustração, mas, hoje, o ofício é uma de suas principais ocupações. “Quando entrei na faculdade, um monte de gente já ilustrava pra caramba à mão e eu não tinha esse dom”, lembra a pernambucana. De repente, foram surgindo trabalhos na área e ela encontrou a solução no digital, meio com o qual segue até hoje. Com formação em design pela Universidade Federal de Pernambuco, seu imaginário sempre passou pela arte local, mas transmitir essas referências, conta, não foi consciente ou intencional. 

No começo, Bel tinha como inspiração os traços e as cores do design escandinavo que, coincidentemente, se assemelham à arte do seu estado natal. “Enquanto as pessoas me associavam ao trabalho de xilogravura pernambucana, eu estava, na verdade, olhando para o design finlandês”, conta. “Eu era procurada para transmitir a minha cultura, mas não tinha esse entendimento tão profundo de Pernambuco.” Foi então que ela decidiu mergulhar na história do Nordeste e captar a essência dos estados que compõem a região e suas culturas que tanto se misturam. “Para representar as figuras, você precisa entender mais profundamente o que é aquilo de fato”, diz.   

LEIA TAMBÉM: Maeve Jinkings é a presença feminina mais marcante do melhor do cinema nacional – além de ser uma mulher que goza sem culpa

O estudo rendeu tanto que, durante quatro anos, Bel foi chamada para criar a cenografia do tradicional Carnaval de Recife — sozinha em 2013 e, nos anos seguintes, em parceria com o cubano David Alfonso Suárez. Juntos, pelo trabalho realizado em 2016, eles ganharam três prêmios: o ONDI Diseño 2016 (Cuba), o IF Award Design 2017 (Alemanha) e o Brasil Design Award 2017. Nesse projeto, a dupla se destacou ao buscar as diferentes raízes que formam o Carnaval como conhecemos hoje. Eles decidiram se ater às tribos africanas que vieram para o Brasil, além do Candomblé, ainda muito presente e vivo no Recife. 

Bel conta que gosta de trabalhar com uma paleta de cores bem enxuta, sem sombras ou degradês, uma referência aos designers escandinavos, que usam poucas cores, mas sempre muito bem definidas.

LEIA TAMBÉM: A plataforma on-line Curated by Girls seleciona, divulga e impulsiona o trampo de artistas do mundo inteiro

Antes de qualquer trabalho, além da paleta pré-definida, a designer acessa o Pinterest e monta um quadro de referências como forma de processo criativo —  tudo isso pode ser conferido no olhaquemassa, site que reúne suas inspirações. “Gosto das surpresas desse processo tão sem processo”, diz a recifense. 

Vai lá: belandradelima.com.br

Créditos

Imagem principal: Bel Andrade de Lima

fechar