Mulheres no feed

por Nathalia Zaccaro

A plataforma on-line Curated by Girls seleciona, divulga e impulsiona o trampo de artistas do mundo inteiro

Trocar ideias, referências e percepções sobre o feminino —  e sobre qualquer outro assunto — com outras mulheres é dos caminhos mais poderosos para o tão almejado empoderamento. Há três anos, a francesa Laetitia Duveau pesquisa trampos artísticos assinados por mulheres ao redor do mundo para compor a plataforma on-line Curated by girls. É para seguir, dar like, compartilhar e se inspirar.  Trocamos uma ideia com a Laetitia sobre sua curadoria:

Tpm. Como e quando o Curated by girls começou?
Laetitia Duveau. Foi há três anos, quando cheguei em Berlin. Foi um lindo acidente da vida. Eu sou cantora, mas vim para a Alemanha com meus olhos abertos para o que a cidade pudesse oferecer. Naquela época, não existia uma plataforma de arte on-line para mulheres em Berlin. E era necessário que se criasse uma.

O que você leva em consideração na hora de selecionar as artistas? Tenho trabalhado como curadora há três anos, então, minha visão está bastante clara. Para mim, é importante sentir que a artista está fazendo as coisas pelos motivos certos. E não por fama ou dinheiro. Ser um artista é uma jornada pessoal na tentativa de capturar a natureza humana. Mas é difícil julgar os outros, cada um evoluiu em sua própria velocidade.

Por que é importante criar plataformas exclusivas para dar visibilidade a artistas mulheres? Precisamos de diferentes perspectivas para conseguir mudar o mundo. Não queremos equidade, queremos mais do que isso. Queremos uma sociedade que trate a todos com respeito. Divulgar o trabalho de mulheres é uma afirmação da ideia de que podemos ser tão talentosas quanto os homens e que nossa visão vale muito mais do que a sociedade machista quer nos fazer crer.  

Você percebe alguma característica em comum entre todos os trabalhos do Curated by GirlsHá suavidade e poesia na minha seleção. Mesmo quando o trabalho é cru e violento, há uma suavidade. Estou cansada da guerra, quero paz, finalmente. E, claro, o corpo feminino também está sempre presente, em todas as suas formas e cores.

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O que você ouve das artistas e das seguidores sobre sua curadoria? Eu recebo um feedback incrível das pessoas à minha volta, especialmente sobre os trabalhos com o corpo feminino. Com as conversas, consigo compreender melhor qual a expectativa da minha audiência. Mas eu quero mostrar mais do que o que eles querem ver. Eu tenho sorte de ter essa comunidade comigo. Nas exposições, a atmosfera é sempre muito harmoniosa. Já tive mostras em Berlim, Barcelona e Amsterdã e todas foram de enorme sucesso.  

Você também é artista. Conta um pouco do seu trabalho? Me tornei curadora por acidente, sou cantora e compositora, em primeiro lugar. Tenho uma banda chamada free free dom dom. Também desenvolvo outro trabalho no Instagram, na conta itslittlevoice. Não me sobra muito tempo. Para ser sincera, a rotina é bem hardcore às vezes. Mas está tudo bem, gosto de ser ativa. Me sinto sortuda por conseguir ter tantas atividades diferentes. Deixa a vida menos monótona.

Créditos

Imagem principal: Romy Alizée

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