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Samanta Alves: chique é ser fiel às origens

A carioca que virou fenômeno na internet troca salto por chinelo, aposta em camisas de time e mostra que moda não tem a ver com sufoco, mas com liberdade

Samanta Alves: chique é ser fiel às origens

Foto: Ângelo Pontes (@angelopontess)


Por Camille Mello

em 18 de setembro de 2025

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Samanta Alves tem apenas 24 anos, mas já aprendeu que ser fiel a si mesma é muito mais poderoso do que seguir tendências. Nascida e criada em Madureira, um dos bairros mais populares da Zona Norte do Rio e conhecido como a capital do subúrbio carioca, a criadora de conteúdo conquistou mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais com vídeos bem-humorados entrevistando pessoas nas ruas, nos trens e em jogos do Botafogo, seu time do coração.

Com um microfone na mão, chinelo nos pés e camisas de time no peito, Samanta virou fenômeno digital sem precisar se encaixar nos padrões que costumam ditar como mulheres deveriam se apresentar. “Sempre fui moleca e já ouvi muito que eu devia me vestir ou me maquiar de outro jeito. Mas, quanto mais eu me entendia, mais segura ficava sobre meu próprio estilo”, diz. Seu modo descomplicado de se vestir, assim como sua personalidade irreverente, é também uma afirmação de identidade: “Se eu coloquei meu chinelo e me achei maneira, vai ser isso. Não quer dizer que eu esteja desarrumada.”

Na contramão da lógica da moda feminina que insiste em impor saltos altos como sinônimo de elegância, Samanta aposta no chinelo para tudo – até para compor traje de gala. Foi assim que ela surgiu no tapete vermelho do Prêmio Multishow e no Melhores do Ano do Domingão com Huck em 2024 e, mais recentemente, para receber o Prêmio Nise da Silveira, homenagem da Prefeitura do Rio a mulheres com histórias inspiradoras. Mais que um detalhe estético, o calçado de borracha virou símbolo de pertencimento, orgulho suburbano e um recado claro: moda não tem a ver com sufoco, mas com liberdade.

Samanta Alves recebeu o Prêmio Nise da Silveira, concedido pela Prefeitura do Rio de Janeiro como homenagem a mulheres com histórias inspiradoras. E, claro, não abriu mão dos chinelos na solenidade. Fotos: Antonio Olavo

Na conversa com a Tpm, Samanta fala sobre como construiu esse jeito de se vestir, as pressões que já sofreu para mudar e por que escolheu permanecer fiel às suas origens após a fama.

Tpm. Você costuma aparecer de chinelo, camisa de time, roupas confortáveis e quase nada de maquiagem. Como esse estilo influencia a sua forma de se expressar como mulher?

Samanta Alves. Esse estilo que eu uso está muito ligado às minhas raízes e a como eu me vejo enquanto pessoa. Venho de um lugar humilde, onde a simplicidade fala mais alto não só nas roupas, mas no estilo de vida e no sentido cultural. Então eu me sinto bem e feliz! Eu gosto muito de ser assim e de me dar a liberdade de seguir ou não tendências. A forma como eu mostro minha feminilidade e meu empoderamento está tão ligada à minha personalidade que a roupa que eu uso acaba refletindo tudo o que eu sou.

“Gosto de me permitir seguir ou não tendências. Minha forma de mostrar feminilidade e empoderamento está tão conectada à minha personalidade que a roupa acaba refletindo quem eu sou”

Você constrói um estilo que não se prende ao que muitas vezes é esperado do feminino. Já sentiu pressão para mudar isso entre familiares, amigos ou até na rua? Eu sempre fui uma menina moleca, então em cada fase da minha vida eu ouvia comentários sobre como seria melhor para mim se eu me vestisse de tal jeito ou passasse a usar tal maquiagem. Quando fui pegando maturidade e tive condições de ir a um psicólogo, foi a primeira coisa que fortaleceu na minha cabeça. Quanto mais eu me entendia, mais eu conseguia estruturar meu estilo, colocando meus pontos de feminilidade, meu conforto e assim vai.

Além de seus conteúdos cheios de humor, foi a maneira de Samanta Alves se vestir, conectada às suas raízes, que virou afirmação de identidade. Fotos: Ângelo Pontes

Muita gente, quando ganha fama, muda o jeito de se vestir para mostrar status. Você, ao contrário, faz questão de manter um estilo que remete à sua origem suburbana. Como você enxerga essa escolha? É só gosto e conforto ou também carrega um peso político e de identidade? Eu não vejo nada de errado em quem decide mudar, seja porque quis ou porque o trabalho acabou influenciando de certa forma. A questão é que eu não ligo, sabe? Se eu coloquei meu chinelo e me achei maneira, vai ser isso. Gosto de ser simples, e isso não quer dizer que eu esteja desarrumada.

“Gosto de me permitir seguir ou não tendências. Minha forma de mostrar feminilidade e empoderamento está tão conectada à minha personalidade que a roupa acaba refletindo quem eu sou”, disse a criadora de conteúdo Samanta Alves. Foto: Antonio Olavo

Você se inspira em alguém para compor seu estilo ou tudo nasce da sua vivência no subúrbio e da sua própria intuição? Vem muito da minha intuição. Eu gosto de me inspirar em pessoas, mas não no jeito que elas se vestem, e sim em como elas são. A partir daí, tento colocar isso no meu estilo.

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