por Redação
Trip #172

Por que certas lembranças não saem da cabeça, enquanto deletamos outras com facilidade?

De todas as formas de conexão entre corpo, espírito e mente, a memória talvez seja a mais primordial. Afinal, ela permite que nos religuemos não exatamente ao nosso passado, mas àquilo que interpretamos, imaginamos ou sonhamos como sendo o nosso passado.

Nesse sentido, a memória é um catalisador privilegiado entre o que há de concreto e abstrato, tangível e intangível, físico e espiritual na experiência humana. Portanto, nos pareceu uma escolha natural que esta edição de Conexão – um dos 12 temas que norteiam os princípios da Trip – tenha como enfoque central a Memória.

O escritor inglês Aldous Huxley afirmou que “a memória é a literatura de todo homem”. Ou seja, a matéria com a qual escrevemos e reescrevemos nossa história. Nem mesmo uma fotografia ou um vídeo caseiro são necessariamente reproduções fiéis do passado, porque eles sempre serão revistos e reinterpretados pelos olhos do presente.

A questão essencial que surge dessa reflexão é: por que certas lembranças não saem da cabeça, enquanto deletamos outras com facilidade? O que essas escolhas naturais da memória têm a dizer sobre nós mesmos? Essas perguntas estão por trás das matérias deste especial.

Hollywood dos anos 50, Havaí dos 60, apartheid na África do Sul dos 70, fotos de Ipanema e Copacabana na década de 30, surf trips e canções compartilhadas com um amigo nos últimos 30 anos, museus bizarros visitados ao redor do mundo, um almanaque dos anos 2000 com apostas de coisas do presente que serão lembradas no futuro...

Esses foram alguns dos gatilhos usados nesta edição para disparar nossas memórias. Mas nós não apenas abrimos espaço para as recordações individuais dos nossos colaboradores, como tentamos mostrar de que forma elas se conectam de maneiras muitas vezes inusitadas. A idéia desta edição é mostrar a memória não como refúgio nostálgico, mas como manifestação viva deste mundo interdependente.

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