Temos controle & pamonha

por Lia Hama
Trip #199

Nada de pamonha. Alto-falantes de Piracicaba alertam para roubos e risco de enchente.

Os alto-falantes de Piracicaba já não são mais os mesmos. Em vez de anunciarem o clássico doce de milho, agora eles denunciam roubos, avisam quando um carro estaciona em local proibido e alertam para riscos de enchente

Esqueça o refrão: “Pamonhas, pamonhas, pamonhas...”. Nos alto-falantes de Piracicaba são outras as chamadas que atraem a atenção das pessoas. Inspirada pelo modelo britânico, a prefeitura do município no interior paulista instalou um sistema de vigilância então inédito no Brasil, com câmeras de segurança e alto-falantes espalhados pelas ruas mais movimentadas da cidade. O apelido? “Tagarela”, responde o capitão Silas Romualdo, comandante da guarda civil municipal e responsável por coordenar a operação. Segundo ele, o sistema emite um alerta quando um carro está estacionado em local proibido, quando há risco de enchente ou para avisar sobre eventos na cidade e campanhas de prevenção à dengue, por exemplo. “Também já fizemos diversos flagrantes de roubos e furtos”, explica.

Na central que funciona 24h por dia, um grupo de seis operadores monitora o movimento nas 74 câmeras espalhadas pela cidade – dez delas são do tipo “tagarela” com alto-falante acoplado. Quando alguma irregularidade é flagrada, o infrator é avisado em voz alta e, dependendo do caso, uma viatura da guarda municipal é enviada ao local. “Uma vez flagramos um cara furtando a bolsa de uma mulher que dormia numa praça. Pela tagarela avisamos: ‘Atenção, você está sendo monitorado’. O cara largou a bolsa na hora e saiu correndo. Está tudo gravado”, conta o capitão Silas. Quando solicitadas por delegados, as gravações de imagens são enviadas para fazer parte de inquéritos policiais.

Em funcionamento desde 2007, o sistema já foi incorporado ao dia a dia da população, que aparentemente aprova a iniciativa, apesar da falta de privacidade. “O bom é que aumenta a sensação de segurança. Mas é claro que às vezes incomoda. Parece que a gente é rastreada o tempo todo. É tipo um Big Brother”, diz a auxiliar de cozinha Marcilene dos Santos sob o atento olhar de uma câmera tagarela.

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